2010-10-08

Dois meses

Já há algum tempo que não andava com disposição para voltar aqui - ainda não percebi se era por falta de vontade de me abrir contigo, ou simplesmente pouca vontade para reflectir. Hoje (para variar), as circunstâncias forçaram-me ao regresso. É verdade, sou uma pessoa bastante complicada. E tenho problemas em admiti-lo.

Por força do que me contaste hoje... do que esclarecemos - sempre ao telefone, dificilmente temos oportunidade para o fazer pessoalmente - acabei por regressar cá. Aproveitei uma viagem de comboio, alguns momentos que tenho para mim, no meu pequeno mundo, enquanto ouço canções pseudo-deprimentes de "Interpol". Acabo aqui por estar a escrever, antes de ir ter contigo... ter, mais uma vez, "a conversa". A "conversa" em que acabamos a nossa relação... sorrio enquanto escrevo isto, porque não é uma relação assumida. É uma "cena", que dá o direito de estarmos juntos, por vezes, quando aí vou ter , ou quando vens ter comigo cá abaixo. Já é a segunda vez.

Agora, de há algum tempo para cá e para mim, este "privilégio" mais parecia um dever, algo que não deveria ser assim. Afastava-me de ti, era frio, de forma irreflectida, mas consciente (e nota, que não o gosto de ser. Isto não é uma sensação que aprecie, ao contrário do que possa parecer, por se calhar o ter feito muitas vezes). É verdade, só tu é que puxavas o barco, para estarmos juntos. Para termos momentos íntimos. E sei que pode parecer parvo porque já tínhamos "esclarecido" no passado, mas eu sempre acreditei que estavas apanhada por mim (a palavra foi escolhida de propósito) e que este género de intimidades, actividades, não te (nos) ia fazer bem. E esta antecipação toda, que eu fabricava para o teu lado não me fazia sentir bem e era o escape perfeito para eu agarrar com unhas e dentes. Assim, simplesmente evitava contactos, carinhos ou outras coisas que pudessem ... afectar-.nos. Aos dois.

E admito: não quero ter uma relação contigo (namoro, seja o que for) porque estou à procura de algo que desperte dentro de mim aquilo que ainda não encontrei. E parece que só quero desafios que me dêem alguma trela. E, já agora, que tenha cabelo comprido. E que tenha um bom sentido de humor. E uma voz feminina. E que seja carinhosas. E que seja giras, segundo os meus padrões (demasiado complicado para expor aqui). E que viva perto de mim... isto não é tanga: não quero iniciar uma relação com alguém que está longe do sítio onde eu vivo - na fase em que estou, preciso do dia-a-dia (ou perto disso). E tu não tens essa disponibilidade, capacidade, nem eu tenho o direito de ta pedir. Ah, e de preferência que não tenha animais de estimação. Desculpa, mas a tua gata (e eu gosto de gatos) é insuportável (ok talvez esta palavra seja excessiva) e a tua casa tem, por vezes, um cheiro incomodativo.

E deitei algumas coisas cá para fora. Ok, verbalizei-as por escrito (já tinha agido em conformidade com algumas). Agora, não foram todas... e sei que a maior parte das vezes as guardo por receio ferir susceptibilidades. Devo querer inconscientemente que toda a gente goste de mim, que goste das coisas que eu digo. Mas hoje não estou para aí virado. E já faz quase um mês que não há festa e hoje apetece-me... esta semana já andava a pensar nisso, e as circunstâncias tornaram o desafio ainda mais melhor. A tua afirmação taxativa de "é só sexo" e o facto de não ter que prestar justificações ao poder paternal por não ir dormir fora de casa. So be it... hoje vai ser assim. Ou pelo menos, vou divertir-me a tentar.

Deve ser por estar quase a fazer anos. O medo. Mas desta vez nem estou assim tão... deprimido? Faz parte, não é? E vai ser este ano. Espero bem que seja este ano. E se não for? Bem... é dar tempo ao tempo. E aproveitar as oportunidades.

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