2009-12-16

Acabou o Período de Incubação

Não morri, nem perdi a vontade aqui voltar. Andei simplesmente a passar por um período de reflexão não assistida (entenda-se, separei-me um pouco do blog para colocar a cabeça em ordem) e acho que funcionou. Agora vim só aqui dizer isto... estou a preparar-me para o regresso à vida profissional e também a este meu espaço.

Até já.

(***)

Sobre  a imagem: ando a abusar mais as imagens de relógios semi-góticos para acompanhar as contagens decrescentes destas fases da minha vida, mas não o consigo evitar. E achei alguma piada a este, que parece ser mesmo uma peça de arte real (inicialmente parecia-me feito a computador). O site da artista Linda Harris encontra-se aqui.

2009-11-30

Comida

Umas das coisas que gosto de experimentar é a culinária. Hoje vou preparar um jantar, pseudo-romântico para dois e inspirei-me num site (um blog, quem diria?) e nesta receita em particular. Já andava com vontade de experimentar o forno para outra coisa para além de frango com cerveja (que é muito fácil de preparar). Esta também não foi complicada e já em começa a cheirar bem ali da cozinha (vantagens de se viver numa casa pequena durante o Inverno - os bons cheiros propagam-se facilmente e o calor também).

(...)

Bem, não percebo é sinceramente porque continuo a insistir em fazer jantares românticos. Bem, quer-se dizer agora estou a perceber - estou a treinar para algo a sério, para quando trouxer cá alguém para um outro jantar e estes momentos contigo são também óptimos para refrescar a logística: quantidades, preocupações com talheres, pratos, copos. Sim, com as novas pessoas espero poder usufruir de belos momentos ao mesmo tempo que partilhamos um copo de vinho. Tu tentaste uma vez no passado partilhar isso comigo, já cá nesta casa mas não correu bem. Fazia-te confusão a sensação do álcool a subir pela cabeça. Reconheço-te o esforço, pelo menos. Nessa altura.

Bem, vamos a ver se a comida resulta bem. Gostava realmente de tirar uma fotografia ao resultado final, mas pelo que já vi posso afirmar que estão parecidos com os desta fotografia (um pouco mais queimados é verdade, mas já desliguei o forno).




Sobre a fotografia da esquerda: A foto é pública segundo a autora (Saяa) e vem do blog "chocolate a mais...".


A fotografia da direita (actualização a 16-02-2009): Já é o resultado da experiência que andei a fazer. Sim, visto daqui parecem ter um aspecto pior que o da receita, mas foi também a primeira vez, mas essencialmente era o queimado a mais. E sabiam muito bem!

O recomeço aproxima-se

Começou com um belo concerto: Muse @ Lisboa 2009. Já os vi três vezes ao vivo, mas hoje foi, sem dúvida o melhor de todos. Foi uma boa noite, com um bocado de tudo o que gosto: animação musical, conversas profundas - partilha do mais fundo que sentimos com o nosso melhor amigo e servir de conselheiro espiritual a um outro grande amigo. Tenho de fazer destas coisas mais vezes e acredito que a partir de agora passe a ser mais fácil. Practicamente já acabei o mestrado, fora um ou outro trabalho e estou ansioso pelo regresso.

A esta cama, ao meu espaço: a este meu pequeno mundo que demorei cinco anos a criar. A ansiedade que senti da outra vez já não me afecta e isso sinto (alguma) confiança neste regresso. Um regresso também a este espaço que tenho descurado um pouco. Andei praticamente um teenager viciado na noite e na vida boémia. Afinal, não vou ter muitas mais oportunidades para experimentar algo igual. Não me imagino a voltar para o "conforto" desta situação num futuro próximo, em que posso, no limite sair todas as noites se quiser. Claro que saber que é temporário ajuda sempre, aliás pelo facto de saber que está a terminar, é que sinto esta ânsia para aproveitar o dia-a-dia (mais noite-a-noite, mas pronto).

Em breve regresso. Com uma história concreta para contar.

(***)

Listening to: Sara Bareilles - Gravity (recomendado pelo meu amigo que está a passar pelo pior tormento amoroso desde que o conheço. Acima de tudo, ouvi-o. Fiz o que faço melhor e depois ajudei-o a colocar as coisas em perspectiva. Fosse tudo tão fácil comigo como é com os outros).

2009-11-25

Três dias

Vou entrar amanhã na recta final. Acabei os meus exames na faculdade e agora ando preparar a entrada na minha vida profissional. É engraçado, saber que o tempo está a mudar, que e mudança eminente está cada vez mais perto. E com uma esta mudança aparecem uma série de coisas novas:

- A depressão do meu pai com a reforma. O diagnóstico que faço, embora seja rápido, acho que é adequado à realidade.

Ele sempre se dedicou de uma forma parva ao trabalho, sempre esteve imerso naquele mundo como forma de se sentir útil e realizado. Agora, tudo aquilo acabou. Está em casa, sem obrigações, apenas com os seus sentimentos e a doença de olhos que o impede de ver ler, televisão, pintar ou simplesmente navegar de forma relaxada na net. Portanto, tem de ocupar a cabeça com toda a espécie de pensamentos que, no limite, o levam a estados de preocupação extremos. O pensamento no futuro, na salvaguarda dos filhos, em vez de estar a pensar nele a minha mãe.

Irrita-me tanto, mas não consigo ficar triste directamente com ele. A sua preocupação (na essência) é boa e foca-se demasiado no meu bem-estar e do meu irmão em detrimento do dele. Isso tem que mudar, pois afecta a sua sanidade mental e de quem o rodeia. Admiro a paciência da minha mãe, mas também, após trinta e tal anos de casamento também não é de admirar que a haja.

Enfim, mais sobre isto daqui a algum tempo.

- Operar o meu joelho. Agora começa o processo de luta para conseguir que tudo fique decente com o seguro de saúde que tenho pela minha empresa. Agora dizem-me que se fiz a lesão quando ainda não tinha o seguro de saúde que não estou ao abrigo do acordo. Algo que não me lembro de ver nas condições (interessante, lógico na perspectiva deles, mas é interessante ver como o mundo realmente funciona).

Bem, o ano foi o mesmo em que me lesionei e em que entrei para a empresa (5 anos). Neste aspecto não menti e espero que não me obriguem a dar detalhes, senão vou ter que atrasar a lesão em 2 meses (em vez de ter sido em Julho de 2004 foi em Setembro de 2004, altura da minha entrada). Espero que a data de entrada que indiquei num mail que acabei de enviar seja o suficiente nesta questão parva e que o médico aceite em fornecer a informação adicional que eles pedem. Meti-me nisto e agora tenho que levar o processo até ao fim. Mais cedo ou mais tarde ia ter que tratar disto.

E assim começo a entrar na fase nova. Sem certezas, sem saber o que vou fazer, como vou trabalhar, como vou viver.

Mas… até estou confiante.

2009-11-16

À espera

Acordo e demoro um pouco de tempo a perceber onde estou… como de costume, vejo tudo desfocado e preciso de alguns instantes antes de me lembrar da noite anterior (esta é uma das características "interessantes" na miopia – a minha percepção do mundo sem ajuda é estranha para quem nunca teve esta pequena dificuldade visual).

A janela do lado esquerdo está completamente fechada, apenas entra uma pequena frecha de luz que não é suficiente para iluminar o quarto. Pela porta, que deixei propositadamente aberta entra aquela claridade baça de um dia pesado e chuvoso. Olho para a mesa-de-cabeceira pequena que está no lado direito da cama (voltei agora ao lado que me pertence na cama, após dois anos no lado "errado") e procuro pelo telemóvel sem olhar. Apalpo o telemóvel, base do candeeiro e só à terceira tentativa é que encontro o telemóvel que também serve de despertador. Ainda faltam duas horas para tocar o alarme. Devia ficar contente, posso voltar a dormir a descansar como gosto de fazer, mas não me sinto cansado.

Vou ter a reunião importante, a primeira oficial de reintegração, com o responsável máximo da empresa. A adrenalina que começa a pulsar pelas veias quando penso nisso não me deixa adormecer. Convenço-me sozinho que posso fechar os olhos e descansar mais tarde (aguarda-me uma viagem de comboio e a oscilação que me consegue sempre embalar com uma facilidade extrema).

E aqui estou. Umas dez horas depois, com sensação de missão cumprida a pensar nas próximas entregas que vou para esta e para as semanas que se avizinham. Esta sensação de estar sempre à procura de algo para fazer, para trabalhar é ambígua. Não sei se gosto verdadeiramente dela, ou não porque, por um lado ajuda-me a manter a mente ocupada. Passei quase metade o dia de ontem, um dos dias em que mais tive tempo para pensar nos últimos meses, a trabalhar – a escrever dois documentos que tenciono usar no futuro. É justo, é (por enquanto) o foco central do meu trabalho e aceito-o bem. No entanto, gostava de experimentar não estar sempre a olhar para a frente, para o que aí vem, para o que tenho que fazer.

Na próxima hora e meia estou mais descansado. Vou ver duas séries de televisão que me costumam animar bastante: "Family Guy" e "American Dad". O mais provável é esboçar grandes sorrisos em público… ou então vou adormecer primeiro. Estou relativamente curioso para quanto tempo aguento antes de cair para o lado. Provavelmente nem chego aos dez minutos.

(***)

Listening to: Absolutamente nada. Carreguei o leitor de mp3 mesmo há bocado, mas não me apetece ouvir nada. Tenho que descansar a mente.

Um novo dia


Estou na minha varanda a olhar em frente. Vejo quatro palmeiras, no meio do cimento citadino e sorrio. Gosto realmente do sítio onde vivo e sei que uma vista destas não me vai ser fácil de repetir. Gosto da forma como as árvores se agitam por entre a chuva intensa que caí… sinto-me relaxado, em paz. Começo a reparar em volta e tento reparar em coisas que até agora me passaram despercebidas. No graffiti que adorna o muro velho e cinzento que separa o passeio e o local onde os animais agora descansam. Os carros que passam agora, com calma, pela estrada molhada e escorregadia. Reparo também em duas pessoas que andam calmamente, de cabeça baixa em direcções opostas. Até que em concentro na calçada esbranquiçada que se encontra por debaixo de mim a alguns metros de distância. Recuo instintivamente, pois o parapeito é demasiado baixo. Começo a fechar a janela, para me "proteger", criar uma rede de vidro que me protege de algo indefinido que me possa fazer cair.

Sorrio um pouco, pelo absurdo da situação. Não vou, não quero cair. Outra vez não. Sinto uma energia nova dentro de mim que hoje ainda não tinha sentido. Nem quando tinha acabado o trabalho… a velha sensação de recompensa que hoje esteve, estranhamente, ausente. Penso no futuro e estou a preparar entregar-me a um novo desafio. Tenho escrito até com alguma frequência, durante um pouco mais de dois meses a antecipar o que aí vem. E ainda não estou pronto – sei que vou reagir bem, que me vou refugiar igualmente no conforto de hábitos velhos e no desconforto do que ainda não conheço. Interrogo-me como, onde e quando te vou conhecer. Ando a percorrer uma lenta metamorfose que me vai deixar pronto para esse momento. Ainda não está completa, aliás, nem sei se vai a meio, no início, nos primeiros quinze minutos. Mas mantenho a esperança, pois no fundo sei que sou um romântico incurável.

Em algumas atitudes, pelo menos. Decidi premeditadamente não falar contigo hoje. Não sei porquê, mas estou a ver que precisava de passar um dia totalmente imerso nos meus pensamentos. Espero que não tenhas ficado aborrecida. Amanhã falamos.

(***)

Listening to: Dirty Three – Horse Stories.

Prólogo


É Novembro e está, finalmente, a chover. Acordei sozinho, sem despertador à hora prevista. Deitei-me tarde, mas consegui cumprir com as minhas obrigações.

Sempre fui assim – quando é para me divertir, divirto, mas quando é para trabalhar, consigo parar. Aliás, chamam-me ocasionalmente de workaholic… Por outro lado, quando saio, envolvo-me no momento, nas pessoas, no que estou a fazer. Esqueço-me do que me rodeia a tento aproveitar ao máximo. Foi o que aconteceu ontem, já não falava com aquele meu amigo há muito tempo. E evitei prolongar a noite, porque hoje tinha trabalho a fazer – dois trabalhos diferentes. Um de grupo, relacionado com o futuro da minha empresa que ataquei primeiro (o facto de ser grupo aumentou a minha necessidade para começar por aí). Depois o outro, foi simples e directo. Tive um momento de lucidez na minha única pausa para cigarro do dia. Soube naquele momento sobre o que ia escrever e como ia entregar o trabalho. A partir daí foi entrar no piloto automático e esperar que acabasse de escrever.

A noite chegou cedo e com ela a solidão. Só falei com pessoas pelos "messengers". Não saí de casa, nem tomei banho. O dia não estava para muito melhor, mas senti aquele receio de estar sozinho. Lembrei-me do que já senti no passado: das noites isoladas durante a semana, em que uma pessoa se sente cansada quando chega a casa. Mas pior, lembrei-me dos domingos. Das ressacas das festanças no dia anterior. Da falta que sentia em estar com alguém, abraçado a ver um filme, uma série. Fiquei um pouco apreensivo, mas depois acabei por vir ter aqui, a este espaço escrever um pouco.

Olho para o ecrã e não sei mesmo o que quero dizer. Não é como das outras vezes em que tenho muito para contar e não sei por onde começar, ou como verbalizar o que estou a sentir. Reconheço o que sinto, o que me está a começar a afectar: frustração.Até que, decido ver um filme: Moon. Foi-me recomendado por um amigo e era mesmo o que estava a precisar. Não sei bem porquê. Talvez pela forma como tenha acabado. Deu-me esperança para enfrentar o dia de amanhã com uma garra que até agora não estava a sentir.

Estou contente por isso, gosto de ser surpreendido.

2009-11-12

Sem título


Sei que por vezes começo por pensar no título do post. Olho para o teclado, em volta e tento condensar todos os pensamentos que estão dispersos na minha cabeça numa espécie de categoria que simbolize o que estou a sentir naquele momento. Agora foi fácil… simplesmente tive que desviar a atenção e começar e a escrever este pequeno parágrafo introdutório. E deixo o título para depois… ou então, pura e simplesmente decido evitar esse assunto hoje. Também tenho direito não é?

Ando demasiado "ocupado" na minha vida privada para ter algum tempo de qualidade contigo. Por um lado ando a combinar demasiados encontros com ela – mais um bocado vive cá em casa. Já andamos a dormir juntos quase umas duas, três noites por semana. Ainda por cima, por causa do pormenor de usar a "hibernação" do computador, por vezes estamos a ver séries e tenho à pequena distância de um click os documentos que têm estes textos e, pior ainda, uma browser já aberto na página principal para a edição dos posts. Com o título em letras garrafais no topo da página. Pois claro, este fim-de-semana ia correndo mal.

Ela sabe que eu escrevo. Viu de relance e perguntou e, como criança grande que sou, comecei com evasivas: "O quê?" "Aquilo? O quê?" "Era só uma página, porquê?" "Porque é que a fechei?" Pronto, ainda nos divertimos com a situação e ela também não forçou a barra, e ainda bem. Respeitou a minha privacidade (conceito engraçado falar em privacidade quando estou a deitar tudo cá para fora num espaço "público" e "anónimo"). Mas pronto, gostei da experiência de, pela primeira vez, ter visto o Star Wars de uma forma minimamente romântica, com alguém que até gostou do filme e ficou com curiosidade para ver o Império Contra Ataca. Gostei, mas foi estranho. Por outro lado, ela disse o mesmo quando vimos duas comédias românticas no mesmo dia.

(…)

Mas pronto, para variar divago. Vai ser mais uma noite a passar música. Na noite a seguir vou pela primeira vez entrar no Estádio da Luz para ver o jogo de Portugal (bilhetes oferecidos pela empresa). Será uma boa oportunidade para sair um pouco em Lisboa e para estar com os meus amigos da capital. Para falar com as chefias e dizer que afinal já tenho data de regresso oficial. A partir do dia 28 de Dezembro vou regressar. Talvez, com um bocado de sorte, como a semana é a transição entre Ano Novo e Natal possam dar-me algum tipo de dispensa, mas a verdade é que vou ter que preencher a folha de horas em algum projecto. Enfim. Vou passar três dias na capital - já não o fazia há algum tempo.

(...)

Olho em volta agora e apercebo-me da casa onde estou. No meu quarto temporário (durante um ano). Está a acabar, é verdade. Sinto a aproximar-se. Já não é como nos outros dias, em que estava distante. Esse pormenor finalmente/infelizmente está a definir-se. E reparo que estou a encarar o futuro profissional com expectativa e esperança. Algum receio, mas muita confiança. Quanto à vida pessoal já não sei bem. Vida amorosa quero dizer. Por um lado tenho algum receio por causa do factor "tempo". Quanto tempo vou ter para mim? Nestes últimos meses andei nas sete quintas e acho que a transição me vai custar um pouco.

(suspiro)

(***)

Listening to: (Secção do Rock, Punk, Música Porreira que geralmente domina as noites em que passo música). Joy Division – Transmission, Bloodhound Gang – Fire Water Burn, Mão Morta – Budapesta, Iggy Pop – Nightclubbing, Boxer Rebellion – Flashing Red Light Means Go, Franz Ferdinand – The Fallen, The Strokes - Razorblade, Razorlight - In The Morning, U2 - Gone (new mix)

Sobre a imagem: Apeteceu-me procurar pela palavra espelho. Desta vez nem passei pelo Google, foi mesmo directo ao DeviantArt. "Black Mirror" como critérios de pesquisa e aparece-me esta imagem que gostei deste o primeiro momento. E com a qual me estou a identificar.

Nome: "mirror mirror"
Autor: CSnyder
página original aqui.

2009-11-07

Casamentos?


(2009-11-12) revi o texto e editei umas pequenas partes no final. Tive que o acabar no outro dia à pressa e tive necessidade de voltar cá.

Bem, estou aqui hoje de tarde com os meus pais na sala, mais uma amiga deles e a filha mais nova (que já tem 21 anos). Estou, estamos, a ouvir o desabafo dela há duas horas e pouco. Foi casada durante trinta anos com um outro amigo dos meus pais (vou chamá-lo de "X" – fica mais fácil a escrita) e estão agora separados. Ainda não divorciados, mas separados há coisa de um ano. Parece que ele a começou a trair no início do ano passado com uma colega de escola… Trinta anos de casamento pelo cano abaixo. De uns amigos que já conheço desde que nasci. É estranho, sou bastante liberal nesta coisa das relações, quando se respeitam, quando está tudo bem, mas esta história afectou-me uma beca. Talvez um pouco pela altura em que aconteceu (estou – finalmente, a chegar ao meio ano de separação), mas o que estranhei mesmo mais foi a questão do comportamento do X. É engraçado, as máscaras que vestimos todos os dias, como nos comportamos junto dos outros, como queremos ser aceites.

O X era uma pessoa mesmo simpática, com uns seus toques de brutidão, é verdade e tenho que o admitir se olhar em retrospectiva, mas nunca o imaginei a deixar a mulher. A dizer as coisas que ela diz que ele disse. Bem, a filha confirma e os meus pais também. Realmente, são imagens e situações que nunca tinha pensado. Com 62 anos (!) – ok, pode ter-se apaixonado, ter perdido a paixão pela mulher. A logística já é mais fácil, já tem as filhas crescidas, uma da minha idade, já trabalha. A outra a acabar o curso… Lembro de tudo o que já passámos juntos, desde aqueles dias em que eramos putos a brincar, lembro-me de olhar para os meus pais e para os amigos e sinto-me meio nostálgico... o mundo realmente não pára de surpreender.

O pouco que eu conhecia era aquela pequena máscara que eles deixavam conhecer ao mundo exterior.
Mas, há coisas que não me enganam, comportamentos que consigo sempre identificar, coisas que agora fazem mais sentido. Não as concebo, mas fazem mais sentido. Pergunto-me se a honestidade completa entre dois seres humanos consegue ser completa? No meu caso sei que não. Nunca digo tudo. Mesmo aqui. Sou eu, no fundo sou eu, sou honesto a mim mesmo, mas só coloco aqui o que me sinto confortável para confrontar.

(…)

"É tudo muito lindo" diz o meu Pai. "Ela ainda está muito ferida".

E é verdade. O melhor conselho não sei qual é. Talvez dar tempo ao tempo. Partilhei apenas com ela o que funcionou comigo. A minha situação, embora apenas tivesse 7-8 anos, já confere alguma credibilidade. Eu para "me resolver" estava a procurar outra relação. No momento em que a deixei de procurar, tudo se começou a resolver. O conselho que lhe dei não foi procurar outra relação. Foi para ela deixar de procurar aquilo que justificasse o comportamento do marido. Que o aceitasse, simplesmente. Acho que mesmo que ele o explicasse, não existe nada que dê sentido aquela separação. Chamem-me ingénuo, o que for. Isto não é acreditar no "Amor", "amor", "paixão". Tem a ver com acreditar no respeito e companheirismo. Mas, a verdade, é que ainda tenho muito para ver. Muita coisa para superar.

Como ela também tem. Não é apenas esperar 2 anos como lhe disseram. Um calendário consegue ser tão perigoso.

(***)

Listening to: Nada em particular. Comecei a escrever à frente deles, a fingir que trabalhava. Hoje adiantei um trabalhito de grupo, mas para a semana vou ter uma semanita mais atarefada. E ainda bem.

2009-11-05

Enquanto ganho sono

Estamos a aproveitar ao máximo.


O encontro de ontem fez-me afirmar isso com toda a certeza: decidiste que precisavas de dançar. Desafiaste-me e, como pessoa facilmente seduzível que sou, aceitei logo. Não era suposto, não nos devíamos ver durante mais alguns dias. Estás simplesmente a aproveitar o tempo que tens comigo? Eu sei que te divertes realmente, que queres repetir isto mais vezes. A senhora da roulotte da comida fartou-se de rir connosco. Não estávamos muito tocados, mas o suficiente para estarmos soltinhos para servir de entretenimento a outros. Dizer que colocar ketchup e mostarda daquelas geringonças que estão suspensas é o mais parecido que existe com ordenhar uma cabra é, no mínimo e naquele contexto, engraçado. E agora vais ter espectáculos por zonas diferentes do país e a logística vai complicar bastante. Quando, no final do mês, abandonar esta casa os nossos encontros furtuitos vão ser (bastante) mais complicados.

Mas isso é, por enquanto, um problema para o meu eu futuro.

(...)

Quando estou contigo abraço-te. Estou a pensar e não é sentimento de amor, de desejo. É puro carinho, conforto. Gosto de estar junto a ti, entrelaçado, quando estamos deitados a ver séries de televisão. Massajo-te a cabeça, o corpo - com creme hidratante. Treino, retomo hábitos antigos para: 1) saber se ainda os sei fazer, 2) ver o efeito que têm. E acho que têm tido bastante resultado - não estás nada habituada a que tratem de ti e eu, confesso, tenho saudades de cuidar de alguém, de massajar e partilhar conforto. Não é constante neste nosso caso, continuamos a resfriar-nos em público e isso é bom.

(...)

Sei que me ando a repetir quando digo aqui que não quero mais nada. Não é que não tenha pensado na logística da relação. Já o fiz, mas mais que a logística é o que sinto por ti. Não está no nível para fazer uma relação séria. Tens enviado muitas mensagens, telefonado muitas vezes e reconheço a empatia e satisfação no teu tom de voz.

Eu não te faço o mesmo, mas temos outros hábitos parecidos. Temos muitos momentos em comum que me têm assustado. Reacções primárias à diversão. Pensamos de forma muito semelhante.

Ligas o teu telemóvel à minha frente, enquanto tomamos um copo e dizes com aquele tom de confissão

"ah nem acredito que tenho esta mensagem de boas vidas no telemóvel: «Welcome Master». Que ridículo."

Ao que, incrédulo apenas respondo. Tens o quê? Relembro-mo do velho hábito que tenho, desde 1999. A primeira coisa que faço quando arranjo um telemóvel novo é configurar a seguinte nota de boas vindas (falando o dialecto Nokia) : «Bem-vindo Mestre!»

Raio de coincidência. Tenho de escrever mais destas pequenas histórias enquanto ganho sonho. Destes momentos que marcam os nossos encontros. E com outras pessoas também.

(...)

Lembrei agora da ti. Estás em Lisboa, regressaste. Vou desafiar-te para um café, aliás sugeriste precisamente isso. Mesmo não sendo para conseguir alguma coisa, acho que o contatar contigo vai abrir portas para conhecer outras pessoas. Não me posso esquecer disso.

(***)

Listening to: dEUS - Favourite Game, Pixies - Here Comes Your Man, U2 - Hold Me, Thrill Me , Kiss Me, Kill Me, Lenny Kravitz - Are You Gonna Go My Way, Boston - More Than a Feeling, Smashing Pumpkins - Bodies, ACDC - Thunderstrucck, The Cure - Friday I'm In Love, Red Hot Chilli Peppers - Californication

Sobre a imagem: Procurei por lençóis de cama no DeviantArt e descobri esta imagem. Do autor wecouldbefaceless.

2009-11-01

Andamentos

Hoje um amigo enviou-me uma mensagem a dizer que "andava com um andamento (!)". Tudo isto porque os desafiei mais uma vez para um jantar hoje, que é Sábado (3), depois de ter tido um ontem e ter passado (com sucesso) música na festa privada do meu amigo (2). Ah, e já me esquecia que na quarta-feira fomos jantar todos e ver os Irmãos Catita, com acesso à zona VIP - leia-se bebida gratuita, entre outras coisas (1).

Reparei que com apenas este pequeno parágrafo consigo lançar os tópicos para este post. Seguindo então, por ordem e cuidado - isto vai ser demorado:

(...)

(1) - Ao sairmos de OqueStrada na segunda-feira, assim uma meia horita depois do concerto ter terminado, tive a oportunidade de encontrar um amigo do meu irmão que me perguntou simplesmente: "Mas então, vais voltar cá?", "Sim, queremos ver se vamos ver Irmãos Catita na quarta-feira", "Ah, tá bem... e não me queres arranjar o teu número de BI?", "Err.... porquê?", "Para eu te arranjar bilhetes para a Zona VIP. Vais passar por um elemento do Jornal (que consegue arranjar bilhetes VIP a mais e que depois tenho de distribuir pelos meus amigos), tens acesso à zona VIP"... Nesta altura só me sinto a sorrir, não consigo fazer mais do que balbuciar um "Obrigado!" embaraçado. Consegui arranjar ainda mais 2 bilhetes (tive que lhes telefonar àquela hora para conseguir pedir-lhes os número de bilhete de identidade, mas as reacções foram mais do que positivas). E na quarta, lá fomos - aproveitar do sistema.

Ainda não tinha tido a oportunidade de experimentar a entrada com credenciais antes e resultou particularmente bem. O espaço era porreiro (mas o balcão era um bocado sobre lotado), e ainda deu para ir buscar uns finos (ou imperiais - uso indistintamente os dois termos) à vontade. O espectáculo foi engraçado, mas o pessoal estava muito contido. A maturidade já é diferente de há uns anos atrás. Quer dizer, não vale a pena recuar muito no passado (*). Claro que depois andamos pelo recinto, que estava vazio, quando comparado com a Queima no seu expoente máximo.

Sinceramente não me importei, mas não tive a sorte de ter aproveitado o som de forma decente. Passo a explicar, enquanto dava o concerto, as tendas estavam a passar música porreira (leia-se, derivados de rock) e perdi a janela de oportunidade para ter ouvido e dançado algo que gostasse. Em alternativa, fomos seduzidos para ir a uma conferência de imprensa com o Manuel João Vieira e foi como assistir a um espectáculo de stand-up comedy, embora ele estivesse sentado. Ri-me ainda um bom bocado.

No fim, quando fomos pedir para tirar uma foto (na realidade foi o amigo do meu irmão que teve tomates para chegar ao pé dele e pedir-lhe o jeitinho), conseguimos colocar-nos na posição correcta, sorrir para a câmara...altura em que ele começa a falar para uma mulher que estava na direcção oposta. Foto memorável. Realista. Enfim. Mais uma história para contar nos serões de grupo. Pelo menos, para aqueles que achem piada a este género de temáticas.

(...)

(2) - Ontem começou da pior maneira. Chegámos atrasados. Mas pronto, tudo muito bem. Começo a preparar as coisas e o Dono pergunta - "És tu que vais passar som? Pronto, quero falar só contigo! Anda cá. É assim, não quero coisas agressivas, quero coisas boas, que o som seja de qualidade, para respeitar esta casa". Os olhos de lunático, olhavam-me de cima a baixo e comecei a pensar onde me tinha metido. Mas, o que fazer?

Continuei, fui deixar a mochila na sala de cima ("Não quero sacos cá em baixo, não pode ser (!), lá dizia o outro) e ele tentou-me vender a utilização de uma mesa de mistura que estava toda partida (Não funcionava o crossfading!) altura em que me apercebo que não tenho cabo para ligar o computador ao amplificador.

Bem, a responsabilidade não é totalmente minha porque perguntei ao meu amigo o que era necessário para colocar o sistema a funcionar (afinal, não estava em Lisboa na altura) e ele disse-me simplesmente, que sim, dava para ligar ao computador que não me tinha que preocupar. Enfim, mais uma lição aprendida.

O que fazer? Bem, a solução óbvia era ir comprar um cabo (ainda só eram 23:30) e Wortens e Fnacs só fechavam à meia-noite em alguns shoppings. Um amigo nosso também era capaz de ter um cabo desses em casa. Outra alternativa que me lembrei seria comprar um cake de CDs virgens para ir gravando CDs do portátil enquanto usava o sistema todo queimado do Dono alucinado. Três hipóteses lançadas em paralelo para resolver um problema.

Uma hora e pouco depois chega, finalmente, o salvador da pátria com o Cabo que ligo, imediatamente ao sistema. Depois de umas configurações, mal o som começa a funcionar arranca a noite. O Dono vem repetidamente queixar-se da qualidade do som - em termos de equalizador, o som está distorcido e tenho realmente que admitir que algo de estranho está a acontecer. Quando experimentava em casa aquilo não acontecia e porque me precipitei para animar a malta não testei o aparelho condignamente.

Felizmente, após quarenta e cinco minutos de sofrimento (**) , há uma pausa para se fazer um brinde ao anfitrião da festa. Aproveito a deixa, altero rapidamente o programa para a configuração mais simples, em que não há duas placas de som e aí o som deixa de ficar estranho (finalmente!) e consigo fazer crossfades. Ok, têm de ser de cabeça, mas que os consigo fazer, consigo. E como houve a pausa, consegui recomeçar. Para o que foi, na minha opinião, um dos melhores momentos que já tive a passar música.

Durante cerca de duas horas consegui por toda a gente animada, essencialmente com música dos anos 80-2000, desde do "I Will Survive", "Maria Albertina" e o "Wawaba". Nesta altura o senhor deixa de vir falar comigo e começa a altura dos pedidos. Foram diversos, mas o que se destacou foi o pobre rapaz muito alto que era instrutor de Dança do Ventre, que me pede uma Música Oriental. Estava a dar nesta altura o "Funky Town". Só lhe pude pedir desculpa e fazer um ar de incredulidade. Ouve-se cada coisa.

Levo em bom ritmo até às 3:30 - altura em que devo começar a acalmar (ordens do Dono!). Ignoro-o e decido aceitar os pedidos para conseguir passar algum rock para uns amigos (Self Esteem no meio daquilo tudo). No final, tenho de por a "Tribulations" para agradecer oficialmente a ajuda da Bri que esteve comigo a coordenar alguns momentos e não me tinha safado tão bem sem a sua ajuda e... talvez haja aqui algum potencial - ontem falámos, brincámos bastante.. muito mais que o normal. E à custa disso já tenho o facebook dela. Vamos a ver o que acontece.

Agradar a gregos e troianos. Consegui. E isso fez-me sentir muito bem. E no final, contou-me o meu amigo, o dono perguntou-lhe se eu não queria voltar a passar som na próxima sexta. Não sou católico, mas isto claramente que merece um "Meus Deus!".

(...)

(3) - Escrevi todo este post em hora meia de viagem no Comboio. Muito bom, foi um momento em que necessitava de aqui voltar. Ainda bem que não consegui sacar séries e pude aqui voltar. Agora, vais-me buscar ao comboio, vamos tomar um café e preparar-me para a noite. Tenho que gravar os CDs outra vez e estou, ainda, com a adrenalina de ontem. Boa sorte para ti também que vais ter espectáculo. A minha altura vai ser depois. Espero que corra bem, porque não sei quantas mais oportunidades vou ter. Agora acho que devo acalmar um pouco a vertente DJ. Definitivamente. E depois, acabar em grande na última quinzena de Novembro.

Entretanto estou a chegar a casa. Foi uma viagem bem passada, que resultou num post exageradamente grande...

(...)

(*) Em 2007 fui ver os Ena Pá 2000 ao Santiago Alquimista e foi o Degredo, com "D" muito grande. Abusei da vodka, de repente bate-me tudo assim de repente e, quando dou por ela, estou a ir para o carro a cambalear, mas bem disposto. A rir-me, fazer rir os outros (na medida do possível). Bem, lembro-me bastante bem da situação, por isso não pode ter sido assim tão mau.

(**) O Crossfade não funciona, não consigo usar os auscultadores para ouvir os seguimentos das músicas, tenho que fazer tudo de cabeça e o programa está a ter uns comportamentos estranhos que nunca tinha visto acontecer em casa. Tento compensar ao máximo, mas há uns momentos estranhos pelo meio. Até este momento o pessoal ia entrando, saindo, entrando da pista (o grupo é diverso e arranjar um ponto de sincronismo está a ser complicado... bem, umas inglesas penetras estavam a delirar com a música e foram pedir-me muitas vezes para pôr mais alto algo que ia contra as ordens do Dono lunático. Estou a falar a sério, cada vez que me relembro da cara dele sinto arrepios. Ele tinha, claramente um grande desequilibro e era daquele género de pessoas que não é possível dialogar. Simplesmente, não dá.

(***)

Listening to: Não gosto apenas de colocar referências para uma colectânea. Vou tentar incluir aqui todas as músicas que o meu PC vai escolhendo aleatoriamente enquanto escrevo (o que revelou fácil).

Ornatos Violeta – Débil Mental,
Cake - I Will Survive,
Franz Ferdinand - You could have done so much better,
Pearl Jam - Even Flow,
Radiohead - Paranoid Android,
The Hives - Tick Tick Boom,
Radiohead - Fake Plastic Trees,
The Temper Trap - Sweet Disposition,
Hèroes del Silencio - Entre dos tierras,
The Police - So Lonely,
U2 - City of Blinding Lights,
Três Tristes Tigres - Zap Canal,
The Music - Welcome to the North,
Pulp - Common People,
The Killers - When You Were Young,
James - Sometimes,
The White Stripes - Blue Orchid

sobre a imagem: Mais uma vez, DeviantArt com uma procura sobre "disco". O Copyright diz Andrea Gonzalez, mas o nickname parece ser Esmaice. Mais info aqui.

2009-10-30

Acabei... (e sementes)

A "tese" está acabada. Estou contente, o feedback de um dos professores que review o rascunho foi bastante positivo e só me deu recomendações "menores" (uma gralha aqui, outra gralha ali). Sinto-me bem. E acabei com uns dias de avanço.

Na realidade, aquilo não se qualifica como uma tese "a sério". Quer-se dizer, tem um formato e tamanho de um artigo científico e serve apenas de resumo das reflecções que fiz agora que estou a chegar ao final do mestrado. O trabalho a sério foi efectuado ao longo do ano e isto é apenas um grande ponto final.

É verdade. Falta pouco mais de um mês para a boa vida acabar. Agora sim, posso começar a sofrer por antecipação. A boa vida chega ao fim. A vida de estudante que ando a levar está, sem dúvida, a acabar. E tenho alguma pena, mas sei que por um lado já tenho saudades de receber ordenado. Já tenho saudades de Lisboa... saudades de abandonar este parenteses que está a ser a minha vida. Um parenteses engraçado, que hei-de me lembrar com saudades. Particularmente este último semestre.

Agora é que fiz as contas - este blog, que fez agora dois meses está a acompanhar-me desde, praticamente o início desta recta final. Definitivamente, está a ser o seu propósito. Das duas uma: ou ainda não me tinha apercebido disso ou então, esqueci-me dessa coincidência (tenho que ir rever os posts iniciais. Ao início era mais fácil, mas agora já dá algum trabalho :)

(...)

O meu pai bem precisa de uma ocupação do género. Ele em vez de ler, devia aproveitar e escrever. Desabafar sobre o que lhe vai na alma. Ele pinta, mas é algo criativo. Não o ajuda a resolver a depressão em que se está a afundar. Realmente, se tivesse apenas 40% da minha visão, ouvisse mal e fosse teimoso até dizer não, também teria problemas em me orientar. Parece-me um tópico interessante para desenvolver noutro post (agora parece que estou semear ideias neste! E porque não, à custa destas sementes já encontrei título e imagem para este post).

(***)

Listening to: Conjunto de músicas que vou passar amanhã. Engraçado, desta vez estou muito mais relaxado, independentemente do ambiente ir ser (quase de certeza) mais agressivo. Mas pronto, nada que não vá ultrapassar. Primeiro ainda vou ter amanhã o desafio do reencontro com os meus chefes. Mas será uma história para um outro post. E no sábado volto à carga nas pistas de dança. O factor novidade já se desvaneceu completamente. Não estava à espera que fosse tão rápido.

Sobre a imagem: Mais uma vez do DeviantArt, chama-se "Seeds" e é do autor Cristian-M. A página original encontra-se aqui.

2009-10-28

Vícios

Hoje não resisti. Adoro perder-me no mundo das séries e filmes. São histórias onde consigo abstrair-me da realidade que me rodeia, principalmente antes de ir adormecer. Gosto particularmente de fazê-lo enquanto ainda consigo manter-me acordado ao final do dia (hoje também não é difícil com o barulho que me rodeia! Os animais - nome simpático com que baptizámos os nossos vizinhos de cima).

Por isso aproveitei para saciar um pouco desta minha sede. O problema é sempre o mesmo - autocontrolo. Quando acaba um episódio, tenho logo vontade de ver o que vai acontecer a seguir, indepentemente do que isso faz ao meu descanso. Até hesitei vir aqui - o factor novidade já passou, é verdade e tenho andado demasiado ocupado nos meus momentos íntimos para conseguir actualizar este espaço (teria facilidade em dizer-lhe olha, preciso de ir escrever uma coisa, provavelmente falar sobre ti para no meu diário, mas isso não seria muito correcto). E hoje tive que ver dois episódios de séries distintas antes de decidir vir aqui. Foi uma espécie de recompensa por um dia de trabalho bem efectuado. O engraçado é ter de me basear nestas artimanhas estranhas para justificar as minhas "recompensas" e não me sentir mal no processo. Pelo menos enquanto tiver noção dessa artificialidade consigo saber quando estou a tentar enganar-me.

É incrível que fico com mais sono quando estou activo a escrever estas palavras, de que quando estou passivo, relxado e pouco concentrado a ver algo no computador. Estaria sempre à espera do contrário. Ui, a trocar os olhos, sem ouvir música (isto é uma novidade) e a ter que me levantar daqui a 7 horitas para o dia mais complicado da semana antes de sexta. Ao menos, fica já feita essa entrega na faculdade e, quando der por ela, tudo que vou escrever vai passar a ser maioritariamente para aqui.

(***)

(2009-10-28) - fiz pequena revisão ao texto pois apercebi-me que tinha incluído palavras que não faziam grande sentido, o que foi, quase de certeza, causado por causa do sono. Decidi também acrescentar uma imagem.

Sobre a imagem: procurei pela palavra sonolento na internet e encontrei outro site de arte engraçado, chamado redbubble. Esta imagem estava lá exposta, com o título "Sleepy Fire", do autor sgame. Engraçada a montra do senhor.


2009-10-26

Esplanadas

Tive que aproveitar o facto de hoje estar um tempo espectacular (sol, poucas nuvens ainda bastante calor – estamos quase em Novembro e continuo a passear de calções e T-Shirt) para vir aqui aqui a uma esplanada nova avançar um pouco o trabalho. Correu bem, consegui finalmente desenvencilhar uns parágrafos que me estavam a incomodar bastante: queria ter referências bibiolográficas, falar de coisas não objectivas, psicológicas e, já agora, conseguir falar disto tudo de uma forma “decente” no artigo. Esta forma decente é o que me chateia – tem de ser algo que me agrade a mim, como escritor daquele texto e também tem que agradar a mentores portugueses e americanos. Ter de encontrar um compromisso honrável entre estres 3 pólos é, por vezes um trabalho ingrato, mas penso que desta vez o consegui fazer. Consegui mencionar os problemas de uma forma educada, consegui referenciar os artigos que já tinha encontrado (em frases coerentes) e acima de tudo, consegui dizer uma coisa que faz sentido e até se consegue aplicar. Estou contente com o rumo que artigo está a tomar. Hoje resolvi a parte mais complicada e fica-me a faltar qualquer coisa como uma página e revisão, algo que consigo fazer nas calmas até sexta-feira.


Sensação estranha esta de … estar tudo a correr conforme o plano? Tenho conseguido fazer tudo: muita diversão, algum trabalho e actualizado o meu espaço aqui. Quando corre tudo bem sabemos que vem sempre alguma coisa aparecer que interrompe essa sensação. É normal, mas se não está nada mal agora porque é que me estou a preocupar e a ter essa ansiedade? Quando vier, que venha – vou ter de viver com isso. Agora estar aqui a pensar na vida, a escrever como tenho conseguido corresponder aos meus objectivos e aperceber-me que o positivo vai acabar é parvo. Sim, tenho é de pensar que hoje à noite vou ver Oquestrada ao vivo.

(…)

Estou curioso. E quando o dia acabar hoje, já fomos ver Deolinda e Oquestrada juntos e ficam a faltar 2 concertos: Franz Ferdinand e U2. E aposto que se te chateasse ainda vinhas ver os Massive attack. Hum…

(***)

Listening to: Banda Sonora do Guitar Hero 5.

2009-10-25

Descanso

Já passou mais tempo que normal, mas não tenho tido disponibilidade para vir aqui. Por um lado, tenho estado a avançar a bom ritmo o meu trabalho para o mestrado e, por outro lado continuo no long date intenso e prolongado. Não posso simplesmente abandonar-te para vir para aqui, mas aproveito este pequeno momento - em que finjo, mais uma vez, estar a trabalhar - para vir pensar um bocado aqui.

Gosto destes domingos passados na cama, a ver séries. Agarrado a alguém. Já estamos uma grande intimidade e não estou assustado. As circustâncias estão a meu favor e estamos a aproveitar ao máximo o que podemos. E é bom saber que está ali alguém na minha cama a descansar depois de uma noite agitada (e vão duas seguidas, qualquer dia fico sem pulmões, fígado e dinheiro... mas preocupo-me com isso no final deste ano). E depois na noite não nos poupamos com as figuras que fazemos em público. Agarro-te, colocas os braços à minha volta e é a loucura, verdadeiramente... e desta vez, estou com alguém que gosta da mesma música que eu. Tivemos um momento particularmente engraçado quando deu a Pussy dos Rammstein - deu no carro a caminho do local e rimo-nos bastante com a parolice da letra. Quando voltámos a ouvi-la, no meu da pista de dança, agarrados... não resistimos. Foi mesmo cómico. E quem estivesse a olhar para nós devia estar com uma expressão do tipo "... Mas que raio se passa ali!?".

Estás a dormir pacificamente, de barriga para cima, totalmente coberta pelo edredão. Olho-te com inveja, porque gostava de estar deitado ao teu lado a dormir mais um bocado... com as pernas entrelaçadas. A sensação de calor humano é, sem dúvida, uma das coisas que gosto mais no contacto físico (suspiro - provavelmente porque estou a ouvir uma música completamente lamechas, mas ajuda-me a concentrar).

(...)

Depois os planos saiem sempre furados. Em vez de estar aqui a escrever, estou a antecipar com um amigo a próxima sexta-feira pelo skype, onde vou passar música a partir do meu computador para um evento que ele está a organizar. Agora já estou mais habituado a esta coisa de passar música - continuo meio nervoso antes de começar, como antes de fazer uma apresentação em público. Meio nervoso... é mais um grande "ataque" de ansiedade, mas que passa rapidamente quando começo a fazer o que é suposto. Sempre fui assim profissionalmente e estou a ver que mesmo neste hobby que arranjei é a mesma coisa. Mas a sensação é desagradável e estou a começar a senti-la um pouco por antecipação para o próxima dia. Acho que preferia sentir-me mais à vontade, mais relaxado. Interrogo-me se isto é completamente causado por falta de habituação. Tem também a ver com o estar a "jogar fora de casa" - gostos musicais são sempre relativos e estou curioso para ver o que vai acontecer.

Admito, quero que o pessoal fique Ah, olha que ele até passa música fixe! Faz parte da minha necessidade de massajar o ego - sou honesto aqui. Quero reconhecimento, se bem que, provavelmente, a maioria do pessoal nem se apercebe do trabalho enquanto se fazem passagens, da criatividade que é preciso ter. A parte estúpida, é que depois tenho que ficar no mesmo local a noite inteira, as conversas são fugazes e apenas estou a contribuir de forma indirecta para a boa disposição dos outros. Por um lado é fácil - não tenho que ouvir ninguém, não tenho que falar com ninguém (excepto os bêbados que se colam à cabine). A longo prazo isso não é bom, mas também não o estou a considerar repetir muitas mais vezes. Tem sido divertido, mas também gosto de estar com o meu grupo de amigos a falar de banalidades. A relaxar.

Ainda por cima vai ser com o meu computador, que é bastante mais sensível que uma mesa de mistura. Computador e copos. Medo.

(***)

Listening to: Ray Lamontagne - Gossip in the rain

Sobre a imagem: a primeira palavra que me veio à cabeça foi "onda". Procurando, mais uma vez no google images encontrei este site com esta foto do Sr. Clark Little. Não sei se tem título, mas encontrei numa galeria chamada "The Most Beautiful Waves... Ever", o que me parece uma designação mais do que válida.

2009-10-23

Quase dois meses?

Hoje apercebi-me do peso do tempo - no bom sentido. Amanhã vou passar música num bar/discoteca da minha terra natal (daquelas coincidências da vida que ainda estou para perceber como acontecem) e sentia que já tinha falado sobre uma coisa semelhante neste blog. Procurei e encontrei o texto que escrevi à posteriori desse evento aqui. E depois vejo realmente o que já aconteceu desde esse início de Setembro. Percorri os olhos pelos títulos dos posts, aproveito o modo de leitura simplista que existe no ecrã de administração do blog (facilita a leitura furtuita de alguns textos) e vejo tudo com grande nitidez. É engraçado, parece que estou a olhar para um álbum de fotografias onde apenas palavras servem de gatilhos para memórias que tenho aqui muito bem guardadas.

Quer dizer, quando algo acontece há um mês atrás não parece assim tão distante, mas se começar a contar todos os posts que já entretanto escrevi, parece que já processei uma grande quantidade de informação. Admito, a temática não costuma variar muito, mas senti-me admirado quando constatei efectivamente quanto tempo já tinha passado e quando me apercebo da evolução que o espaço tem tido. Reparo que ao início não fazia posts tão extensos - estou, efectivamente, a escrever mais depressa. Suponho que essa habitação seja normal, porque é o que acontece com os rituais. Tinham também menos imagens, mas parece que agora a cada nova entrada preciso de mais um item decorativo. Não bastam as músicas por baixo. E depois parece que estou a reler capítulos de uma história que vivi ainda ontem...

(...)

Agrada-me particularmente do efeito benéfico que isso está a ter no meu curso. Hoje despachei um trabalho escrito de 2 páginas (com algumas tabelas, mas na realidade era quase tudo texto corrido) em apenas 1 hora. E estava bom... não, muito bom (!)

(...)

(01:26) Acabaste de me mostrar a foto de um poster onde está o nome do meu alter-ego que vai passar música amanhã. Ainda não consegui deixar de sorrir. Por isso e por causa de ter recriado no messenger a conversa parva que o pessoal teve ao jantar. Preciso realmente de desligar todo o tipo de instant messaging enquanto aqui estou. Não me deixa concentrar, acabo por demorar mais tempo do que quero e interrompe-me o pensamento.

(...)

Entretanto lembrei-me de um dos objectivos inciais deste post. Falar da minha obcessão a seleccionar músicas... fica para depois. Provavelmente vou consegui-lo fazer amanhã, de tarde enquanto preparo as músicas no bar... porque não?

(***)

Listening to: Parte da selecção que vou ter amanhã. Prevejo cerca de 6,7 CDs com mp3s, o que equivale sensivelmente a 40 horas de música - de onde vou ter de seleccionar 4. Um pouco de tudo, mas com uma maior incidência sobre o rock alternativo, o neo-post-punk rock e alguma electrónica. Interrogo-me se ela virá e pergunto-me sobre que dotes de sedução espero fazer, enquanto estiver com uns auscultadores atrás de uma cabine.

Mais, se as duas estiveram no mesmo sítio :) muita garganta, sem dúvida, mas só quero é mesmo deixar uma boa imagem. Vamos a ver.

Sobre a imagem: comecei a procurar no Google, Wikipedia Commons e acabei por encontrar o que queria no DeviantArt. "Hourglass", da artista InertiaK - a página da montagem está aqui.

2009-10-22

Sem propósito

Hoje vim para cá sem propósito. Acho que é a primeira vez, desde há muito tempo que não tinha nada para confessar e para falar contigo. Estou a dirigir-me a ti, espaço estranho onde páro para reflectir. Onde ínicio este ritual em que estou a olhar para as minhas mãos e não para o monitor, como costumo fazer.

Reparo na cadência com que atinjo as teclas para ver se aquilo que me saí é mesmo aquilo que quero dizer. É engraçado, hoje é mesmo um dia em que não tenho novidades. Não sinto nada de novo... bem isso não é totalmente verdade. Sentir até sinto, há cá uma pequena sensação que vai acordando um pouco mais a cada dia que passa. Já vou a mais de metade desta última etapa no mestrado. Já iniciei os contactos de regresso para o meu local de origem e, por causa disso, começo a olhar para os pequenos rituais com saudade. Porque sei que estão a terminar. O cigarro que fumamos quando estamos a fazer uma pausa da escrita e falamos de barbaridades sem sentido. Do percurso que faço até ao departamento, que é tão familiar com o que fazia há uns anos atrás. Das compras em conjunto que faço no hipermercado. Da ida para a cantina com a malta. Das pausas para lanchar uma sandes mista prensada. Os locais. As pessoas.

Pequenos hábitos que se criaram e que, desta vez, acho sinceramente que é a última vez que os volto a repetir, desta forma sistemática.

Ainda não me sinto triste por saber que isto vai acabar - consigo colocar esse facto num compartimento porque sei que ainda falta mais de um mês. Pouco mais de um mês para abandonar este espaço que nunca considerei como meu. Este quarto que agora remodelei um pouco, a quem dei um pouco de carácter. Remodolação? Enfim, apenas tive que tirar o colchão da cama porque, para além de ter um estrado extremamente deconfortável, nunca ouvi cama mais barulhenta que esta.

Sim, se tiver problemas em fazer confissões destas aqui, onde é que as farei?

(...)

Ainda ontem falava contigo sobre estas questões, sobre o que nos damos a conhecer. Neste caso, quais são as escolhas que faço quando escrevo uma palavra, em vez de outra. Tu falaste da tua escrita, de como te sentias constantemente insatisfeita com o resultado final. Eu raramente me sinto insatisfeito (ontem por acaso foi um momento em que me senti), mas quando sinto, refaço as coisas de forma iterativa. E quando começo a detalhar algum tópico sobre essa temática sou bastante mais cauteloso, admito. Eh pah, este é o meu espaço, o sítio onde tenho os meus devaneios, mas não é um espaço para onde venho detalhar pormenores sobre a minha vida sexual. Apenas o faço em ocasiões muito raras, com audiências muito seleccionadas e se estiver a beber alguma coisa. Neste momento, acho que só tenho a audiência seleccionada, porque escrever aqui não é grande novidade (não deixa de ser especial por isso) e apenas bebi meio litro de chá verde há bocado.

Por isso... "porto-me bem", sou "socialmente correcto" e arrisco menos. Também, acho que continuar a escrever com o sono que tenho não pode fazer bem. Amanhã deixa-me contar quantas correcções e alterações faço ao texto. Estou curioso.

(***)

Listening to: She Wants Revenge - This is Forever

sobre a imagem: O link original está aqui e pertence, novamente, ao DeviantArt pelo utilizador discurrere. Procurei de forma aleatória por labirintos e encontrei esta imagem que, aparentemente, não tem nada a ver. Mas a página apareceu por cause de um dos filmes favoritos do autor - o Pan's Labyrinth, que, só por acaso, é um filme extremamente bom. Por acaso estive quase a colocar como imagem uma frame muito famosa. Qualquer dia uso-a.

2009-10-21

Novo eu - em relação a ti.

Fez-me muito bem falar contigo hoje, porque limpei a minha cabeça de ideias parvas. Ok, ainda não totalmente, mas sinto que mudei a minha postura. Acabaram-se as mensagens com anzóis para te baralhar. Sinto que fui honesto, sincero, porque larguei o jogo da sedução... e isso tornou a noite mais relaxada e simples. É bom conhecer gente nova, com pensamentos diferentes do que estou habituado. Independentemente do que dizia ser um pouco premeditado, apercebi-me a meio da noite que a minha linguagem corporal estava perfeitamente coerente com a minha postura: dei-te toda a liberdade para falares (aliás, brincámos com essa situação, porque para uma pessoa calada, falas pelos cotovelos quando estás comigo), afastei-me um pouco da mesa e coloquei-me numa postura relativamente defensiva. Respeito-te e eu não quero tomar nenhuma acção que vá noutro sentido, por isso não quero que cries ideias em relação a mim - agora não. Não enquanto eu estiver envolvido com a tua colega. É tudo muito mais fácil enquanto estiver a ter uma postura amigável, quase de "irmão mais velho" que te ajuda a desanuviar e que ouve os teus desabafos. Havemos de ir tomar outro café e tem de ser desta forma.

(...)

Na próxima sexta-feira é que vai ser! Mais uma vez a passar som num pequeno bar/discoteca com mesa de mistura a sério, para um público que espero não ser muito difícil. Mas com muita gente conhecida, o que parece que dificulta um pouco a actividade. Mas não há de ser nada. Diverti-me mesmo muito da outra vez. E, com um bocado de sorte, vocês as três... aliás duas, estarão debaixo do mesmo tecto. Incrível, abandono o fabrico de um filme e começo logo a imaginar outro. Porque é que sou assim - que raio de necessidade parva é esta? Conheço-me bem, sei perfeitamente o que esperar de mim e isto é normal. Mas gostava de conhecer a verdadeira origem desta minha forma de pensar. O que é que ganho em ser assim? Enfim. Vou dormir, que ando cansado (não me deixas descansar) e recuperar o sono - o que conseguir. Acho que o cansaço está a afectar a minha escrita e capacidade de pensar.

Argh.

(***)

Listening to: She Wants Revenge - She Wants Revenge (2006)

2009-10-19

Desabafo

Depois de falar contigo decidi fazer o acertado. Soube mesmo bem. O diálogo interno que este espaço permite, por vezes deturpa-me o bom senso. Não me respondem aqui, não me fazem ver o outro lado. Continuo aqui, com os meus devaneios, no privado, no meu mundo, onde posso dizer o que me apetece. Sem consequências. Por isso é que gostei de ter arriscado ter-te dido o que disse hoje. Mostrei um lado humano, imperfeito, contraditório e tu, falando pouco, dizendo o óbvio - o que já está à espera, não me deixaste ignorar o que considero decente em mim. Não o fizeste propositadamente e nem te apercebeste do efeito que tiveste em mim. Por isso, não vou continuar a aumentar esperanças erradas a quem não as merece. Vou ser honesto, cordial e doce, na medida do possível. Não lhe vou falar de nós. Não vou deixar de falar com ela. Vou tomar este e outros cafés com ela. Quero falar com ela e perceber o seu mundo. Mas também não a vou trazer para esta "brincadeira" sem ela saber. Nós tomámos a decisão conscientes do que estavamos a fazer. Ela não e isso não é justo. Independentemente das experiências novas que pudesse viver. Existem sempre consequências para os meus actos, por mais que queira ignorar isso. E uma das coisas que quero é continuar-me a olhar ao espelho sem sentir vergonha.

Há uns meses que ando a consegui-lo e gosto bastante da sensação.

(...)

Agora vou ver o Dexter. Nada como ver a história de um psicopata que é bom da fita, para me fazer sentir bem comigo mesmo.

(***)

Listening to: O ventilador da UPS dos meus pais a trabalhar.

2009-10-18

Coincidências

Hoje estou a experimentar uma coisa nova. Passo a explicar: quando venho visitar os meus pais costumo isolar-me na sala pequena a trabalhar (ou digo isso quando na realidade ando por aqui…) mas hoje decidi vir ter com o meu irmão e cunhada e sentar-me com eles na sala enquanto eles vêem filmes e séries. Ah... Domingo passado de uma forma decente. Eu estou supostamente a escrever para a tese, o que é relativamente disfarçável porque basta um toque rápido de duas teclas e consigo exibir o texto que deveria estar a escrever. Esse vou atacar daqui a bocado, mas agora preciso de fazer uma reflexão sobre os acontecimentos de ontem.


(…)

As coincidências da vida são tramadas. O que pode acontecer por causa de uma conversa aleatória, sem grandes preparações continua a surpreender-me. Ontem fui jantar com os meus amigos num evento típico da minha terra natal. Estive com pessoal com quem já não estava há já algum tempo e, vindo do nada, uma amiga perguntou-me pelos quadros do meu pai. Se ele ainda andava a pintar. Agora que entrou na reforma, como tem mais tempo livre, deve andar a produzir mais quadros. Andar anda, mas de forma lenta.

Primeiro acho que a tenho de relembrar do seguinte:  O meu pai teve um glaucoma grave, foi-lhe mal diagnosticado um oftalmologista e tomou medicação que lhe afectou bastante a visão, consequentemente teve que ser operado aos dois olhos e neste momento deve ter qualquer coisa como 50% da visão. Consegue pintar, mas não deve - não pode (!) - abusar da sorte - concentrar a visão pode implicar um esforço que pode ser excessivo para os olhos. Portanto, ele tem que ter juízo e apenas gastar uma parte pequena do seu tempo livre a pintar. Senão arrisca-se a perder, de uma forma definitiva, a capacidade de ver.

Depois descrevo a realidade que conheço (afinal só estou cá ocasionalmente ao fim de semana e não consigo ver o que ele anda a fazer no resto do tempo). Ele tem pintado alguma coisa, mas como passou 15 anos sem vender nenhum quadro, tem a casa cheia deles. Precisa de motivação para fazer novos e decidiu que a venda pode uma forma de encontrar essa motivação. (E acredito que, como bónus, também lhe faça bem ao ego, o que é sempre bom).

Nesta altura ela pergunta-me, com algumas reservas, se o meu pai está a vender todos os quadros estão no blog dele. Eu digo que sim e os olhos dela começam a brilhar. Há um quadro em particular que ela estava muito interessada e pela descrição, acabei por reconhecê-lo. Digo que vou perguntar ao meu pai se está para venda e qual o preço. Como estamos no tal evento, onde toda a gente da cidade acaba por vir, encontro lá os meus pais e meto-me com eles: "Já arranjei comprador!". Ficaram interessados, acertamos pormenores e depois digo à minha amiga o preço. Obviamente, ela quis de tal forma o quadro que repetiu de forma incessante - ainda não tínhamos bebido o suficiente para ficarmos trocados, logo o incessante vinha mesmo da vontade de ela comprar o quadro: "Não te esqueças de dizer ao teu pai! Eu compro o quadro."

E pronto, voltei a ver o meu pai antes de ele se ir embora e ficou o negócio apalavrado.

Até que a minha mãe chegou a casa e decidiu ir ao computador. Precisamente naquele dia, uma colega dela pergunta-lhe por e-mail se o mesmo quadro estava à venda e qual o preço. Ok, até aqui tudo muito bem, uma coincidência simples, mas parece que a senhora, colega há já alguns anos da minha mãe já tinha feito diversas tentativas de compra do quadro. Parece que o adorava, mas o meu pai não o vendia. Azar do caraças... por uma questão de duas horas, uma insuspeita compradora passou-lhe à frente. Hoje, a minha mãe ainda tentou, de uma forma indirecta, atirar o barro à parede a ver se a minha amiga "estava mesmo interessada no quadro". Argumentei de forma linear, rápida e precisa para não haver dúvidas. A colega da minha mãe vai ter direito a um prémio de compensação, que é um quadro feito propositadamente para ela, o que, sinceramente, não é nada mau negócio... mas pronto, parece que vai ficar "extremamente triste e desgostosa".

Engraçado, releio a história e parece menos especial. Lá está, como estive no meio do fogo senti-a de forma diferente, mais intensa. Ao menos a minha colega adorou e tive a oportunidade de zelar pelos interesses de uma amiga. Isso soube-me bem. E a acontecer, só podia ter sido ontem. Naquela situação.

(...)

Gostei depois de dançar contigo no "nosso local do costume". Somos iguais na diversão. Foi assim que começou a conversa ontem - "somos demasiado parecidos na forma como nos divertimos na noite, como fazemos a festa e dançamos". A partir daí é extremamente fácil uma pessoa começar a levar estas compatibilidades para domínios mais... a longo prazo? Não sei se fui eu que comecei a conversa, quer dizer, não fui, limitei-me a achar piada à forma como nos pusemos a cantar no carro enquanto estavamos a ir para o local que servia refeições às 6 da manhã - dançar de forma divertida na discoteca durante umas horas cansa e faz apetite. Cantávamos com as mesmas entoações, a mesma intensidade, como um par de amigos que age de forma igual quando quer mostrar semelhança de gostos. A partir dessa cumplicidade decidiste abrir o jogo e dizer que começavas a pensar que não te sentias confortável com a ideia de te meteres com outra pessoa.

O que vai contra uma das regras. Não há exclusividade - isso vem com um namoro e é algo que não estamos a fazer. Olhaste para mim à espera de uma reação semelhante, mas acho que não a transmiti. Redireccionei a conversa para os factos (... tenho que admitir que é mais fácil para mim não pensar nas possibilidades).

Eu daqui a 2 meses vou abandonar a vida de estudante. Vou voltar a Lisboa. Apenas vou regressar cá ocasionalmente. E quero experimentar relações com outras pessoas. Isto está a ser muito bom para ultrapassar o complexo que tinha dantes, em que achava que a minha vida sexual com a minha antiga namorada era extraordinária e que seria díficil conseguir o nível de intimidade, satisfação, loucura, abertura... tudo com outra pessoa. Pensamento mais imbecil esse. E se calhar também tenho receio de experimentar uma outra relação... ainda não estou pronto. Ok, começo a dar-te recomendações: que tipo de decotes eu gosto, como prefiro o teu cabelo, formas de vestir e aceitas os conselhos todos... estás a querer agradar-me. Fazer-me as vontades, a transformares-te para eu gostar cada vez mais de ti. Sei que estás a fazer isso. E fico chateado e agradado ao mesmo tempo - não necessariamente por esta ordem.

Explorámos um pouco o tema, mas não modificámos nada. Mas já não estamos na mesma. Eu sei que se fizer alguma coisa com alguém, que vou-te estar a magoar. E não gosto disso. Mas o pior, é que o querer experimentar algo com alguém é mais forte que essa má sensação.

Posso estar aqui a escrever, a pensar, a divagar mas o facto é que apenas saberei quando estiver numa situação dessas, o que é algo que ainda não se proporcionou.

(***)

Listening to: CatPeople – Reel #1 / Sonic Youth - Rather Ripped

sobre a imagem: este não é um dos quadros do meu pai, mas sim o resultado da procura pela palavra "coincidências" na google images. Encontrei uma galeria online aqui e este quadro agradou-me particularmente. O autor é Asbjorn Lonvig e o quadro chama-se searching I or nothing I.

2009-10-16

Hey!

Bem, já entreguei um dos trabalhos e só já faltam 12 dias para a tese. Faltam-me ainda umas páginas, mas já vi a coisa em pior estado. Uma parte importante já está iniciada e, com um pouco de sorte, vou acabá-la hoje. Claro que antes decidi vir aqui. Bem, a culpa foi tua.

(...)

Gosto de falar contigo - ontem foi um bom exemplo dessa situação.

Quer dizer, abusei desse facto! Na discoteca já não tinha bebido muito - acabou por ser durante 1hora e meia com apenas o consumo de 2 Sagres, o que deu perfeitamente para depois pegar no carro para te levar a casa. Um pouco alterado... detesto conduzir alterado, mas julgava que era só atravessar a ponte, mas não. Aquilo era LONGE! Mas pronto, perdi-me no regresso, num cruzamento tive que tentar as quatro hipóteses. Enfim. Avisaste-me e eu só queria ser simpático, o gaijo porreiro. Mas, como sempre, acho que o fui. Não tentei nada, quer dizer, gostei da forma como os nossos corpos ocaionalmente se tocavam (acidentalmente?) ao ritmo da música no meio da pista de dança, mas não fiz nada do que isso. Provavelmente lancei um, ou outro, olhar meio lascivo mas não tenho culpa de, por vezes, me distrair e deixar levar.

És muito novinha é verdade, mas gosto da forma como falas comigo do que te incomoda. Não és superficial e ligeira. Queres impressionar-me com a tua complexidade - que é honesta, não é fabricação. Eu gosto do que isso me faz sentir. E ofereceste-me um livro que não estava à espera. Gostei do pormenor de teres oferecido a versão original em inglês. De te teres dado ao trabalho de escolher uma prenda. Aliás, como todos. Toda a gente fez isso... fiquei mesmo contente.

(...)

Onde ia? Pois vim para aqui porque estava a falar ao mesmo tempo contigo pelo google talk. E pensei, olha já que não me vou concentrar, porque não ir directamente ao meu local de eleição pensar um bocado sobre ontem à noite? Levantei-me tardíssimo (15:34?!), mas consegui dormir bastante. E nem acordei muito mal. O chá verde ajuda sempre (ui, acabou-se, preciso de ir comprar mais rapidamente) e estou aqui sentado nesta secretária a tentar concentrar-me. É complicado. Penso em ti e tenho a sensação que se hoje tentasse alguma coisa (nada mais do que um beijo - estou a assumir que não tens mais à vontade do que isso) iria correr bem. Então depois de estar a falar contigo, com mais certezas fiquei. Já mandei uma cabeçada eloquente contigo no Avante. Voltar a tentar outra vez? Penso nas possiblididades, mas não me sinto confortável a aceitar um simples "porque não?"...

A outra vem cá hoje depois do ensaio em que tu também participas... a outra, soa tão mal dizer isto que tive que colocar em itálicos para err... melhorar o aspecto do texto.

(...)

Não és "outra" no sentido de te estar a menosprezar, é pelo facto de não poder dizer nomes e pelo facto de aquele parágrafo não te ser dirigido (agora sim, agora pensei em ti e fiz uma nova secção). Se ela soubesse de nós tenho a certeza que ontem não tinha vindo. Não tinha falado comigo pela internet. A ti não te menti... ainda questionei como abordaria o tópico e, para espanto meu, simplesmente disse a verdade. Ela convidou-me para um café na quinta. Eu na quinta já tinha combinado o jantar cá em casa. Já tinha ponderado quem poderia vir (vocês as duas estavam na lista) e atirei o bairro à parede. Ela aceitou, para espanto meu - estou a falar a sério e chegou, pontual, simpática, relativamente conversadora e bem-disposta. Se tu estivesses cá, acho que entraria no modo de timidez. É uma assumpção confortável para justificar o facto de nunca te ter convidado explicitamente, mas que tu aceitaste. Sempre te falei do jantar com os erasmus na quinta. Nunca te auto-convidadaste. E depois achaste uma piada enorme quando soubeste que ela vinha.

Quer dizer, eu não estou a gozar nem com ela, nem contigo, gosto de estar convosco e se me perguntassem agora: "Querias envolver-te com as duas ao mesmo tempo?" eu, provavelmente diría que sim. Sei que não estou a ser consistente com o que disse há bocado, mas com este sim vem também um grande mas... Sim, mas apenas se ninguém se magoasse - fosse com uma, ou outra (aliás, uma já é) teria de ser uma relação sem qualquer tipo de compromissos - a não ser honestidade, paridade e respeito. Agora, prazos... não. Ainda não sei se apenas com uma isso vai ser possível - estou com um bom pressentimento, por isso imagino com duas... E tu sabes dela (com total respeito pelo que conversamos - sou um túmulo)... mas sei que ela nunca iria aceitar se soubesse que ando enrolado contigo.

Por isso é que este Sim, mas... é algo que dificilmente acontecerá. Mas, pelo menos um novo café haverá para a semana. E tu, como irás reagir a este novo plano?

(***)

Listening to: a selecção dos 80-90 que fiz da última vez que passei música. Ah e já me decidi. Vou comprar a outra placa de som para facilitar o processo de passar música. Eh pah. Pareço um puto.

nota sobre a imagem: Procurei no google images por um bolo de aniversário negro (para ser fiel ao espírito do blog) e descobri esta imagem do site http://www.deviantart.com/ do autor LMarkoya. A página original está aqui.

2009-10-14

Ponto de Viragem

Hoje apercebi-me de uma coisa que me andava a incomodar. Não é o trabalho que não consigo fazer, não é a relação que tenho contigo (Será este o rótulo mais indicado para definir o que temos?), nem sequer tem a ver com trabalho (estou motivado para acabar a tese e tive um dos prazos para um trabalho de casa adiado por um 4 dias). Acho que consigo descrever melhor esta sensação com uma pequena comparação, que provavelmente não será a mais correcta, mas tem a ver com algo que me diz bastante... por isso, aqui vai.

Contexto: Estou a ver um filme que gosto muito, que não quero que acabe. A história, personagens, interpretações, cadência, música, montagem... tudo está a ser de uma qualidade fenomenal, surpreendente. Não estava mesmo nada à espera. De repento olho para o relógio. Sei que tempo que passou desde o início, faço umas contas e apercebo-me que estou mais ou menos a meio. A parte inicial já fez o que tinha a fazer, já me cativou, já me prendou à história. Já me deixou sedento pela segunda parte, que entretanto começou. E, de repente fico um pouco triste, porque sei aproximadamente que tempo falta para o filme terminar. Para ter de voltar ao quotidiano... altura em que vou ter de deixar este modo em que estou totalmente imerso neste mundo paralelo.

Sei que esta viagem está a terminar e não lido muito bem com isso.

(***)

Hoje optei por não ouvir nada.

2009-10-13

Temporizadores

Sento-me na sala onde agora trabalhamos em conjunto. Não estou num sítio muito resguardado e consigo ver a maior parte do espaço a partir daqui. Se algumas pessoas forçarem um pouco o olhar, conseguem ver o que escrevo. E isso deixa-me um pouco apreensivo. Não quero que te leiam, mas, por outro lado, não consigo deixar de te escrever aqui, neste local e momento. É fácil de explicar porquê - sou obrigado a três dias por semana estar aqui e não tenho conseguido colocar os meus momentos de "inspiração" ou de "necessidade de falar" numa caixinha com um temporizador.

E, consequentemente, antes de começar o trabalho volto ao meu local de eleição. Consigo abstraír-me das conversas alheias enquanto aqui estou. Apercebo-me do sorriso que tenho vontade de esboçar quando reparo nas pessoas concentradas à minha volta. Quando recebo os "Parabéns" atrasados chego mesmo a rir-me. Já o disse, não há qualquer tipo de problema, eu não ligo particularmente a esta data. Ando a falar bastante sobre isto, o título do blog está directamente relacionado com a idade, mas penso que se trata apenas de um pequeno atalho que resume o que eu acho importante no mundo - a experiência de cá andar.  E a idade importa  - hoje tenho 28 - um símbolo que me liberta de alguns preconceitos e obrigações e que, aparentemente, limita o número de anos de juventude oficial a que ainda tenho direito.

(...)

Fui temporariamente interrompido por um colega - porreiraço, mas que por causa de não ter nada melhor para fazer, decide sentar-se ao meu lado, olhar para o meu monitor e conversar sobre banalidades. Abençoado ALT+TAB. Arrisco-me, mas vale a pena.

Pah, temos pena. Tenho de escrever enquanto aqui estou - senão, eu conheço-me, ficava mal disposto :)

(...)

O problema é que nunca vou conseguir transmitir tudo o que desejava. Mas isso vai sempre acontecer, em todos os posts. E enquanto achar que um post não está verdadeiramente completo, vou continuar a escrever. A alterar, a detalhar, a completar. Não sei se corresponde, necessariamente, a uma melhoria no que escrevo. Mas, pelo menos, sinto-me mais satisfeito em poder ir melhorando estes meus pequenos pedaços, ao meu ritmo. Pudera ser tudo no mundo assim. Agarrar em conversas passadas e poder alterá-las em momentos estratégicos. Consigo lembrar-me de uma ou outra recente em que teria feito precisamente isso.

Aqui posso fazê-lo.

(***)

Listening to: Editors - Papillon (desta música gosto. Realmente no outro dia estava com bastante mau feitio).

Sobre a imagem - retirei-a da Wikipedia, procurando pelas palavras "Timer".  É do utilizador Hustvedt.

2009-10-12

Faltam 730 dias...

(15:54) Estou a dever-te um post. Maior, diferente e a falar das outras coisas que me andam a afectar (no bom e mau sentido). Agora tenho de ir trabalhar. Tentar compensar em apenas um hora e pouco a preguiça que tive durante resto do dia. É o que vale ter fins de semana assim preenchidos e "complicados". Não sei a que horas vou conseguir voltar cá, mas fica registada esta promessa a mim mesmo.
Posso não ligar muito a este dia, mas que sabe bem ser contactado pelos outros, sabe. Consigo criar momentos de intimidade diferentes com diferentes amigos e relembro-me sempre deles quando falam comigo nestas alturas.

E isso faz-me sentir bem.

(1:25) Demorei mais um pouco do que queria. Estou a ser distraído pelos outros canais de comunicação que existem graças à Internet. Continuamos a falar (aposto que estiveste à minha espera, até eu chegar para nos despedirmos). E, quando me apercebo, continuo a dar-te trela. Enfim, já somos crescidos, mas consigo ler nas tuas palavras que isto está a começar a tomar outras dimensões que tanto eu como tu provavelmente não queremos que tenha.

Eu percebo-te, tu própria tens noção que pelo facto de isto ser "... surpreendemente bom", não é aquilo que estavas à espera. É complicado abrirmo-nos assim para as outras pessoas, eu sei. Faço-o com bastante poucas pessoas. E tu começaste-o a fazer desde o dia um. Parece que há dois momentos separados, aquele em que podes falar comigo, confiar em mim, em partilhar o que de mais íntimo te atormenta e depois, há o outro. Aquele em que te quero descontrolar.

Agora armando-me em "bom", "parvo", "arrogante", "parvalhão"... seja lá o que for: Desde o momento em que tivemos aquela primeira conversa "íntima", em que te fiquei, finalmente, a conhecer um pouco melhor que me achava que isto ía acontecer. Eu não teria iniciado nada, se não soubesse que te iria dar a volta a à cabeça. Foi um desafio que coloquei a mim mesmo e que consegui ultrapassar. E agora sei que este é aquele momento em que pensas, em que ponderas o futuro. Não te preocupes, essa volta à cabeça é temporária. Tenho a certeza disso.

(...)

Mas, independentemente disso tudo, gosto de estar contigo. De te abraçar. De me sentir abraçado. De sentir que gostas de estar comigo. Se fosse apenas um "monólogo" não iria ter nenhuma piada. E vim para aqui porque estavas à minha espera.

Isto a vida, realmente. É uma caixinha de surpresas. E, considerando a minha sorte, ainda vais parar a Lisboa. Algo que, não sei dizer, de uma forma honesta - neste momento, se quero ou não. Mas sei que quero andar por aí a ver outras coisas, a sair mais da casca. A largar o casúlo protector que tão convenientemente uso. Preciso disso.

(... e tive que acrescentar este pequeno parágrafo hoje, depois de uma noite mais descansada. E só agora reparei que estou numa fase parva com os títulos dos dias que faltam para alguma coisa.)

E sei que temos medo de não estarmos acompanhados. Eu tenho um pavor da solidão que muitas vezes não consigo explicar. Sei as origens - o facto de estar sozinho, de não poder falar com ninguém, de não poder partilhar momentos carinhosos, de praticar gestos afectuosos... Afecta-me. Foram tantos anos assim, em que era assim (afinal, eu preciso desses momentos - fazem-me falta), que agora faço-o contigo. E não estás habituada. Porque não páro? Porque gosto do que me faz sentir, ou porque sei que gostas? Pelos dois?

(...)

Bastava ter saído um pouco mais tarde de casa. Fomos tomar um café, os 3, os amigos de Coimbra e soube-me bem. Deu para por a conversa em dia. Explorar temas novos (política), voltar aos velhos amigos (música) e preparar o futuro (as saídas desta semana). Por um lado fiquei triste de ser meia-noite quando me apercebi que afinal íamos para casa - a decisão ainda demorou mais um pouco, mas a verdade é que temos muito trabalho pela frente. Provavelmente (e isto é apenas uma suposição) teria sido tudo diferente se tivessemos ido jantar por volta das 22h. Teríamos apenas ido tomar café à 1h. Estaríamos a sair do bar às 2h e pouco. E, por volta dessa hora, já sabemos que a discoteca teria sido muito mais aceitável. Mas, outras oportunidades surgirão. Afinal, se cedermos a todos os caprichos (e eu não gosto assim tanto de fazer anos) o que restaria?

E tenho trabalho amanhã. Há coisas para preparar. A saída será na quinta. A passagem de música será apenas dia 30. E estou em pulgas. Mal me consigo controlar - sempre a pensar em transições. Em sequências. Sou um obsessivo com algumas coisas e esta é uma delas. E tive que ir experimentar a transição agora (já arranjei mais duas... enfim :).

(...)

Para o ano há mais. E espero não abandonar este espaço até lá.

Tens-me ajudado bastante.

Obrigado.

(***)

Listening to: Julian Plenti - Is... Skyscraper (momento de escrita 1) / diversas músicas aos saltos, desde os anos 70 até 2009.

Sobre a imagem: foi carregada pelo utilizador naughton321 no flickr (link original aqui). Procurei por uma imagem no Google e gostei particularmente desta. Engraçado, até deu para ficar a conhecer o seguinte facto:

28 is a 'perfect number' because it equals the sum of all its factors (apart from 28 itself).

E para mim representa a segunda parte do ano da mudança. Se a minha vida for uma trilogia de cinema, o episódio dois começa hoje. E esse costuma ser sempre o meu filme favorito.

2009-10-10

Faltam 20 dias...


de Roland Berger - Blaue Nacht ("Blue Night")
na Wikipedia Commons



Estive à procura de uma imagem antes fazer este post. Até agora tenho sempre o texto sempre pensado antes e, só depois, se achar que faz falta uma imagem, vou à procura de algo que me diga alguma coisa. Tenho de sentir empatia pela imagem e achar que faz sentido com o que escrevo. Afinal, já que este é o meu "confessionário", o local onde ando a passar tanto tempo por semana, quero decorá-lo à minha maneira. Continuo a arriscar pouco na cor, não me identifico com grandes variações cromáticas agora. Prefiro o negro a dominar. E depois uma pequena variação para constratar com todo o negrume do blog. Azul é a minha cor favorita - quem diria? :) Mas não pode ser um azul qualquer. O que está nesta foto é-me particularmente apelativo e penso que tem a ver com o contraste. De resto, gostei do facto de na imagem estar incluído um prédio - um cenário mais urbano, com o qual vou conviver hoje.

Já não estou com os meus amigos cá de Lisboa há já algum tempo e senti-me mal em recusar o convite em ir jogar Guitar Hero de tarde com um deles. Mas, preciso de me preparar para a noite - descansar mais um pouco e avançar mais um bocado o trabalho individual. Daqui a bocado já vamos ter com eles, já vou consegui matar saudades, já vamos sociabilizar um bocado. Eles já te conhecem - somos apenas amigos. Bem, a um deles semi-confessei as maluquices que andava a fazer. Sem grandes detalhes, mas se calhar aproveitei o facto da distância que este grupo de amigos tem de ti para conseguir desabafar. Sem ser apenas aqui, desabafar de uma forma em que haja resposta. E agora por aqui vais andar. Bem, não estou preocupado porque sou bastante reservado e apenas me abro completamente com pessoas com tenho grande íntimidade. O que é algo que demoro um pouco de tempo a criar, independemente do meu aparente à vontade a falar sobre tudo e mais alguma coisa com os outros. Ou então, estou para aqui a julgar que sou uma coisa, que afinal não sou.

Como em tudo na vida, depende. Depende do contexto, de quem me rodeia. Mas uma coisa posso admitir sem rodeios e falsas modéstias, independetemente da situação: quando me pedem segredo de algo, consigo mantê-lo a qualquer custo.

É uma das características que me orgulho.

(...)

De manhã consegui trabalhar no comboio, sem tomar café (!) e, sem querer sem muito optimista, penso que consegui partir uma das grandes pedras que estava a bloquear o meu processo de escrita. É para continuar agora, enquanto tenho inspiração. Apenas faltam 20 dias a grande entrega.

(***)

Listening to: Editors - In This Light And On This Evening.

Fui um pouco mauzinho da primeira vez que ouvi este álbum. Não é assim tão mau. Até é interessante e sou o primeiro a louvar os esforços em experimentarem algo diferente. Mas, sinceramente, preferi ouvi-lo pela ordem inversa e continuo a achar que abusaram do órgão "dos anos 80".

Devaneios #2

Bem hoje sinto-me estranho. Geralmente quando para aqui venho tenho mais ou menos uma ideia do que quero falar (acho que até me tenho repetido um pouco a descrever essa ritual). Hoje, tenho milhentas coisas que quero colocar aqui, sinto-me completamente caótico no pensamento. E apenas vou poder descrever algumas porque tenho que levantar-me cedo muito cedo amanhã. Faço a promessa de apenas escrever enquanto estiver a tocar o álbum. Quando chegar ao fim, termino o post (50 minutos depois dou incício ao processo de revisão - que já não está muito apurado, mas é o que se arranja)

Apercebo-me que mandei dar uma volta a um pobre jovem que conheci no Avante... coitado, apenas me pediu as fotos desse belo evento. Julgava que era outra pessoa que conheci no meu evento do trabalho no outro dia. Eh pah, Facebooks são brinquedos muito bonitos, mas a partir do momento em que ficamos ligados profissionalmente a uma coisa que pode dar milhentas formas de interpretação, a pessoas com as quais nem temos grande intimidade, não fico propriamente descansado. Mas pronto, para uma utilização "socialmente aceitável" não vejo grande mal. Agora, fotos do Avante ficam bloqueadas e apenas partilhadas com amigos (claro que não consigo controlar a quem eles mostram, mas aí já não sou eu o responsável... passa a ser diferente).

(...)

E depois leio o teu desabafo noutra página do Facebook. O teu alter-ego, ao contrário do meu, é público. Os teus amigos sabem quem tu és. Quer dizer, sabem o que dás a conhecer, que já é bastante. E leio essas confissões, esses desabafos, esse teu desejo de recomeçar a vida enquanto consegues manter viva essa sensação por alguém, alguém que amaste no passado. E parece que ficas contente assim... contente por ires prosseguir para um novo mundo, enquanto mantém essa pequena chama acesa dentro de ti.

Sinto inveja por não conseguir fazer o mesmo, (alguma) tristeza por não saber que não estás a falar de mim (o ego é uma coisa tramada)... e depois deixo, pura e simplesmente de sentir. Penso, simplesmente, que acabou e que tenho de deixar de me aproximar de ti de uma forma parva como fazia no passado. Gostava quando me sentia poderoso por conseguir trocar-te as voltas, sem te aperceberes que o fazia de uma forma consciente. Foi dos poucos jogos que fiz. Mas depois apercebo-me do quão irritante consegues ser. E lembro-me que nutres um gostinho parvo em fazer-me o mesmo. Publicamente. Não me lembro de o fazeres em privado.

Estranha nova sensação... em partilhar este espaço contigo.

Quase que me apanhaste uma vez, simplesmente me perguntaste se "Andava a escrever?". Respondi a correr que "Sim" e desliguei todos os Words que estavam abertos com sementes de devaneios meus (alguns já públicados aqui). Limitaste-te a responder com um "Fazes bem." relativamente neutro, e ficámos por ai. Tenho confiança em ti, sei que se partilhasse contigo irias guardar bem o segredo, mas não o quero fazer, pelo menos não agora.

(...)

Decobri quatro albúns novos hoje enquanto trabalhava. Ando a ficar completamente afectado pela música no seu geral. Ouvi na rádio o dueto do Legendary Tigerman da música da Nancy Sinatra - These Boots Are Made For Walkin'  com a Maria de Medeiros e fiquei intrigado. Gostei do som, embora não tivesse ficado assim no estado "UAU" que me fizesse saltar da cadeira. Depois acabei por ouvir o albúm todo e entrou bem. E depois foi o segundo álbum dos "The Sound", mais uma recomendação em tempo real que obtive a partir da Internet - Obrigado novamente! ;)  Acresce o álbum dos senhores que fizeram aquele single porreiro - "Kids" - MGMT (ou management, ou seja lá o que for) e ainda tive tempo para ouvir com mais atenção (e ter gostado ainda mais) do último dos Arctic Monkeys. 

Junta-se o facto de ter experimentado umas brincadeiras com o Virtual DJ 6.0.1 e de ter encontrado um briquedo muito engraçado - talvez passe música naquela festa de anos, mas ainda preciso de resolver o problema das facturas "fabricadas" do iTunes, para comprovar que toda a música que tenho é "legal". Mais um quebra cabeças? Nem por isso :) O algoritmo já está aqui na cabeça. E é fácil de implementar... Mas tenho ainda outras coisas para fazer primeiro.

(...)

Tudo isto enquanto devia trabalhar. E até avancei um bocado. Revi umas coisas que precisava, resolvi 3 bugs e acabei por fazer mais um trabalho que é só para entregar na próxima terça-feira. Se definir as prioridades pelas datas de entrega, fiz o mais importante hoje. Claro que amanhã no comboio tenho de resistir ao sono - talvez um café antes de sair de casa resolva essa situação. Pois, a culpa é tua. Estou aqui a escrever, em vez de estar a dormir não é? Pois, mas também hoje foram quase 10 horas na cama a recuperar. E foi um dia calmo, sem saídas (já não me lembro de uma sexta-feira tão pacífica como a de hoje há muito). Mas também, é só a calma antes da tormenta. Espero ter amanhã uma noite interessante no bairro alto. Contigo... A primeira vez que ficas em minha casa em Lisboa. E depois voltamos, para votar. O meu irmão merece.

(***)

Listening to: The Legendary Tigerman - Femina