2010-07-23

Luxo

Andar de comboio, ter uma placa 3G com tráfego praticamente ilimitado, uma bateria que se aguenta 3 horas e ser praticamente imune à trepidação normal é, desculpem, um Luxo (com direito a "L" maiúsculo). É uma coisa parva, mas faz-me sentir bem porque consigo fazer algo que simplesmente dantes me era impossível, e, quando deu por ela, já passou a maior parte da viagem e estive a fazer algo que considero útil. No fundo, é uma das razões pelas quais contínuo a escrever neste espaço.

Aqui, consigo treinar outro tipo de escrita, que prefiro aos mails profissionais. Mensagens instantâneas nos chats já são simples qb, por isso adoro ligar o "complicómetro" aqui, e ver até onde consigo desenvolver o raciocínio. Ainda por cima, gosto também do trabalho de revisão, de cortar texto, de mudar parágrafos e frases de ordem de forma a tornar o texto mais agradável (sim, penso que é esta a palavra que estou à procura) à leitura. Tenho depois o hábito (muleta?) de recorrer de uma forma previsível e sistemática ao parênteses - imagino que seja uma instanciação real do meu hábito em tentar sempre ver os dois lados da questão e, muitas vezes, mais que um comentário sarcástico ou acessório, vejo que muitas vezes tento contradizer o que digo.

E depois, espero que levem a sério? Bem, esta característica faz parte de quem sou, por isso amanhem-se. E "mai nada", como o meu irmão costuma dizer. Engraçado, estou a ver que não costumo falar muito dele aqui, se é que alguma vez o mencionei sem ser em conversa passageira? Realmente, estava hoje a almoçar com uma amiga minha, que me disse "... já sabes como ele é, longe da vista, longe do coração." enquanto coscuvilhávamos sobre a vida de um outro amigo de quem ela já não tinha notícias há algum tempo.

Pensando bem, acho que sou um pouco assim com a minha família e, na realidade, gostava que fosse diferente. Não é uma questão de ter pena. Sei que às vezes sou assim porque há coisas neles que me irritam de uma forma inacreditável. Mas sim, no meu código de valores sei que deveria ser mais explicitamente grato aos meus pais. E não é a dizer isto a terceiros, pois é algo com a qual não tenho qualquer tipo de problemas. É mesmo a dizer-lhes a eles, que lhes agradeço tudo do fundo do coração. Excepto uma, ou outra atitude sobre as quais, felizmente, já tivemos oportunidade de falar.

2010-07-21

Mais uma noite...

E o que fazer de diferente? Instalei uma coisa no blog para conseguir filtrar as visitas que eu próprio faço ao site. No meio de uma visita/ano é relevante conseguir esconder o que ando a fazer, não é? E no meio de alguns "testes" que estava a fazer...

... ok, seja "testes", à falta de uma palavra melhor. Na realidade estava só a ocupar o tempo com nada para não ter que pensar em fazer outra coisa - ir catalogar MP3 parece demasiado custoso a esta hora... mas com o casamento a aproximar-se a uma velocidade estonteante, bem que devia gastar uma ou duas horas a fazer isso mesmo... Enfim, se hoje não fui irresponsável no trabalho, ao menos que o possa ser um pouco na minha vida pessoal...

... bem onde ia? Exacto, a procurar por "A Caminho dos Trinta" no Google (seja, um "teste"), descubro um site escrito por 4 (?) amigas, com um título, ou subtítulo relativamente parecido com o meu, algures por aqui. E está escrito num estilo realmente distinto do meu (não estaria à espera de outra coisa) e diverti-me, por instantes, a ler alguns posts daquele blog. Achei curioso encontrar alguém que num também num pseudo-anonimato, não tem qualquer tipo de problemas em descrever as suas relações com o mundo... de uma forma mais ligeira e menos aborrecida que minha... mas, pelo que li, pareceu-me ser completamente honesta e ter sentido de humor.

E sim, é giro descobrir que também alguém tem uma "panca", assumida com tubarões (!) - RESPECT, não sou o único! Sim é uma daquelas fobias parvas... tubarões, o típico animal que aparece quando menos estamos à espera, mas a questão de ser um medo irracional assenta precisamente neste grandioso conceito de falta da racionalidade.

E por falar em irracionalidade, senti-me, vá, quase tentado a fazer um comentário anónimo no tal blog. Quer dizer, posso por sempre a ligação para este espaço que é, no fundo, uma excelente forma de conhecer esta pequena parte da minha personalidade.

E qual seria o problema? De eu tomar uma iniciativa que gostava que fizessem com o este espaço? E aqui apercebo-me da total censura que estou a fazer aos meus pensamentos ao mesmo tempo que vejo um filme de imagens a passar-me pela cabeça. Realmente a minha cabeça começa logo a sonhar e não a vejo a melhorar com a idade... quer dizer, também não a vejo a piorar... fica, simplesmente, na mesma. Mas ao menos, acho que tenho o bom senso de pensar mais depressa do que escrevo e falo, porque este processo de filtragem de pensamentos não se pode chamar de censura - acho que se devia chamar algo como "processo de purificação espiritual para não estar a imaginar parvoíces enquanto se está sóbrio". Felizmente ocorre-me naturalmente e agora até tenho vontade de rir quando me relembro desses pensamentos. Uma coisa é certa, tenho de deixar de ver tantos filmes.

Por isso, das duas uma: ou o mundo não é tão louco como parece, ou então está cada vez pior. E isso é assim tão mau?

2010-07-20

30 minutos

Hoje quero desabafar rapidamente, em apenas 30 minutos.

Optei por vir para aqui, em vez de ir ver uma série porque preciso de não estupidificar. Preciso de sentir que estou a fazer alguma coisa de útil com o meu tempo... e é claro que a definição de utilidade vai ser agora posta à prova. Se me sentir bem depois de acabar este texto (que na realidade nunca fica totalmente acabado), terá valido a pena.

Nem sei por onde começar... posso começar pelas loucuras do fim de semana, posso divagar sobre as... "impressões" interiores que ando a sentir (que não são num sentido figurado), ou posso ainda divagar sobre o que fiz num dos dia de trabalho mais parvos que já tive na vida... eventualmente posso dissertar sobre as últimas duas horas que gastei numa reunião de co-administradores do meu condomínio... mas nada disso é particularmente memorável.

A decisão sobre um tema está um pouco complicada... o que está relacionado com a minha integridade física. Sei que hoje não me sinto em forma (ainda não recuperei da despedida de solteiro... que degredo), o que tem uma grande influência sobre a minha capacidade criativa, mas tenho a certeza que depois de dormir em condições hoje, vou estar muito melhor e que vou conseguir voltar a este espaço e fazer algo de produtivo.

Até lá, tento encontrar algum sentido para esta apatia que sinto. Tu por um lado, estás a ter o problema da tua vida (espero sinceramente que não te volte a acontecer uma coisa destas negativa com tamanha intensidade...). Pediste-me apoio como homem da tua vida, que agora tive a confirmação que sou... embora seja tudo naquele formato que tão mal definimos. Sou teu amigo, preocupo-me contigo e partilho da tua angústia... mas não me vou tornar ser o teu namorado... e acabo de receber mais um sms teu no preciso momento em que escrevo estas palavras.

E, neste momento deixo a apatia e passo a sentir-me um pouco frustrado. Por ti, por mim... por toda a situação que agora existe entre nós. Tens confiança em mim, em tenho confiança em ti, partilho-te coisas sem qualquer tipo de problemas e sei que fazes o mesmo comigo e andamos neste limbo de nos entretermos um ao outro enquanto não conseguimos arranjar ninguém que nos preencha melhor.

E acabo de perceber que rumo dar a este post. Agarro nas palavras que um amigo meu me deu no outro dia enquanto recuperava da tampa que levei: "Tu tens sorte... consegues estar a viver as duas situações ao mesmo tempo". Sim deve ser "sorte", encontrar alguém com todo o potencial para, pelo menos, iniciar uma relação, porque (aparentemente) preenche (quase) todos aqueles requisitos que são importantes (sim eles existem e são importantes, não me venham com coisas), ao mesmo tempo que estou do outro lado da barricada para aquela *não* relação que já dura há já quase um ano. E, ainda por cima, ontem não consegui estar contigo no festival (também ia ser uma confusão do caraças, já deu para perceber) e hoje ao falar contigo pela Internet não me despedi com grande convicção (estava ocupado, distante e, sinceramente, não me apeteceu). Gostei que tivesses sido tu a tomar a iniciativa de começar a conversa, mas também o que me isso realmente importa? Preferia que lesses estes textos? Provavelmente não, sinto que já revelei demasiado sobre mim - também o fizeste, mas eu, ao pé de ti, não conseguia ocultar nada.

Por isso esta separação de duas semanas vai ser boa, vai fazer-me bem à cabeça e ao coração.

E gostava que tivesses saudades minhas. E gostava que a tua cabeça te pregasse partidas e te fizesse sentir coisas inesperadas em relação a mim... e sim isto é imaturo, infantil e invejoso. Mas é como me estou a sentir. E é por causa de isso que agora faço alt-tab para ver se no Gmail tu, por acaso, fazes um login para veres o mail antes seguir de férias... e tento decidir se te envio um "mail de despedida" (despedida de quê? porquê? para quê? para te/me chatear?.... para continuar a sonhar com o que não vai acontecer... realmente devia era mas é ir descansar, uma vez que os 30 minutos estão a acabar. O problema é que fiz batota e fui fazendo outras coisas ao mesmo tempo que te escrevia e ... começo a sentir que o meu maior problema é não saber o que quero... e agora ir fumar um cigarro, antes de ir dormir. Raio de hábito).

2010-07-14

Parte dois

Era para ser um grito. Devia estar revoltado, mas agora não me sinto assim. É engraçado ver que a presença de amigos verdadeiros fazem toda a diferença. Saber que posso contar com o apoio de outras pessoas ajuda a ultrapassar esta sensação de vazio e solidão que ocasionalmente sinto. E embora esta não tenha sido uma situação extrema, houve ali um, ou outro momento, em que me perguntaram se alguém tinha morrido. Quando confrontado com uma afirmação desta importância, apenas me posso rir. Realmente vivo as situações de forma intensa e, aparentemente, sou mais expressivo do que me apercebo. Imagino, ingenuamente, que talvez isso seja uma qualidade. Apenas posso dizer que neste momento estou a sentir-me bem.

É engraçado, não houve nada que tenha mudado assim radicalmente de um momento para o outro, mas verifico que as minhas depressões são realmente temporárias. Provavelmente amanhã volta, ou quando ela me voltar a envia uma mensagem, mas o que fazer? Faz parte, não funcionou, acontece... get on with it. E quando ela, ou eu enviarmos a mensagem, espero reagir como agora me estou a sentir. Filmes vou fazer sempre, faz parte da minha personalidade, mas sei que me controlar um pouco por dentro consigo melhorar. E por esse caminho que quero continuar.

... ao mesmo tempo que ouço uma voz pequena na minha cabeça a dizer que não, isto ainda não acabou e que ainda não tivemos o último episódio desta telenovela. A essa voz, que vai perdendo intensidade à medida que vou escrevendo estas linhas, digo pura e simplesmente "esquece lá isso". 


(...)

Achei curioso ter hoje partilhado a história com duas pessoas diferentes - a primeira delas é amiga, a outra já é Amiga. Sinceramente não sei se fiz bem na primeira, mas estava a rebentar pelas costuras, precisava de gritar com o mundo. Precisava de partilhar com alguém que não me conhece assim tão bem (ok, trabalha comigo e sabe perfeitamente como é o meu feitio) estas coisas que me andam a acontecer... era o mínimo, afinal, tinha-lhe pedido no outro dia alguns conselhos para um encontro. E, na verdade, elas não se conhecem o que torna tudo mais fácil . E ela conhece-me apenas um pouco... e isso um momento de partilha de mágoas, tornou-se numa oportunidade também para a conhecer um pouco melhor, para partilhar histórias. E o resultado foi bom. Fiquei a conhecer mais um pouco do icebergue que é essa outra pessoa e, na realidade, fiquei um pouco surpreendido. As expectativas do que não conhecemos e assumimos são sempre injustas e redutoras.

Com a outra, a conversa voou e é sempre fácil. Tão fácil que aproveitámos e falámos de umas coisas que andavam cá entaladas há já uns meses. Ouviu-me a desabafar, uma versão resumida (a história já me começa a enjoar, cansar... irritar) e, por causa de um rumo inesperado que a conversa tomou, teve que me ouvir a reclamar sobre uma atitude "parva" que me andava a incomodar particularmente. E saiu, pura e simplesmente saiu... começo a criticar, de forma simpática e diplomata claro está, a pessoa que me veio ajudar. E mesmo que não tenha encaixado - ela diz que não, eu acho que em parte sim - acho que nos sentimos mais amigos por conseguirmos falar disso.

Sinto que cresci um pouco hoje e isso fez-me sentir bem. Por isso não vou gritar com o mundo... pelo contrário. Vou apreciar calmamente alguns destes momentos de paz enquanto cá estou.

2010-07-13

Grito para o mundo, parte um

Às vezes acho que o "Karma" não gosta de mim. Talvez isto seja um sentimento parvo de auto comiseração, mas não me importa. É o que estou a sentir hoje e, por isso, apetece-me gritar com o mundo. Apetece-me dizer mal das situações que andam a preencher a minha vida, embora no fundo saiba que não tenho grandes razões de queixa. Quero libertar esta frustração que deixei crescer dentro de mim e, por isso, vou desabafar aqui...

Depois de ter tido uma noite praticamente de sonho - o encontro perfeito, com momentos memoráveis, dignos de cinema, sou surpreendido com um final inesperado. É, no fundo, tudo o que quero! Ser convidado, por uma razão parva para subir a tua casa e quando dou por ela, estamos enrolados no momento de intimidade pelo qual ansiava há pelo menos uns meses.

Corre tudo, mais ou menos bem. A química não é perfeita, sinto alguma estranheza de ambas as partes, mas penso "Oh, isto é normal... afinal a intimidade é uma coisa que se cria e ao início é sempre estranho. Porque é que hei de estar agora a arranjar razões para estragar isto". Passo a noite em tua casa, dormimos (pouco, muito pouco) agarrados (semi-agarrados, afinal estamos na mega vaga de calor que ocorre no momento menos indicado do ano)... mas algo fica no ar. Algo que temos que falar, mas que inconscientemente não abordamos essa noite.

Para quê? Decidimos um encontro para mais logo, depois do dia de trabalho e essa será a melhor altura para falar... eu tenho que falar... quero perceber onde estamos, o que aconteceu e o que queremos fazer em relação a isso. Sinceramente, não faço questão de namorar, por enquanto, mas não é uma ideia que recuse, pelo contrário. Estava a imaginar que fosse possível. Interessante. Por isso, começo a criar um turbilhão de emoções (como faço sempre) à medida que me afasto do prédio. Estou nervoso, ansioso... quero viajar num instante para o futuro, quero que as próximas nove horas de minha vida pura e simplesmente desapareçam. Quero voltar tua a casa. Quero levar-te a minha casa...

É uma manhã sofrível, subsisto graças à ingestão lenta de alguns cafés e uso um sentimento de responsabilidade (ou culpa?) associado a alguma ética profissional para fazer alguma coisa de útil. Começo a questionar o que aconteceu, começo com o diálogo parvo interior que mais parece uma contradição parva saída de uma sitcom de baixa qualidade "Isto não vai correr bem..." "Ah vai! não viste a voz de contente dela ao telefone quando ligaste?" "Contente? Como contente?" E apercebo-me que estou preocupado. "Tens de estar calmo, tens de controlar a situação, tens que saber o que fazer. E é simples... apenas queres falar...". Não é colocar um rótulo das coisas como tu costumas dizer. Pode ser uma atitude parva, mas eu funciono assim. Preciso de falar sobre as coisas, mesmo que não vão resultar bem. Depois de as sentir, de as ter vivido gosto de as interpretar, de ver como os outros as interpretaram. Ver se há pontos de contacto, ver como os outros viram o mundo pelos olhos deles... No fundo, quero ver se estamos a pensar de forma compatível.

De tarde começo a pensar que era giro dar-te uma lembrança, uma coisa pequena. Um pequeno gesto de afecto, algo que demonstre "Ah, este tipo até é um romântico!". Uma rosa vermelha, sem arranjo, simples... Valido a ideia com uma amiga e sim, convenço-me que não é uma atitude parva. E, quando dou por ela, já é de tarde, praticamente hora de sair. Afinal, entrei bastante mais cedo... se calhar ainda consigo descansar um pouco antes de ir ter com contigo! "Só estou com 2 horas de sono em cima", racionalizo. Sim, vai ter que ser um encontro pequeno, ao contrário de todos os outros que andamos a fazer, que duram sempre até altas horas da noite.

Saio da estação de comboio, vou ao centro comercial onde me lembro vagamente que existe uma florista e dou-me de caras com um "Volto Já" afixado na porta de vidro. Logo agora que me queria despachar, que queria ainda dormir uma sesta antes de ir ter contigo, para ver se fico minimamente desperto! Mas não, logo hoje que quero ir comprar uma flor, a loja tem que estar fechada! Parecem os 15 minutos mais longos da minha vida. Exagero? Sinceramente, acredito que não. Mas a dona, eventualmente, regressa. "Ah, deve ter mesmo chegado quando eu saí". É cordial, simpática e nem reparo na demora... apenas penso "Por favor, vende-me rapidamente uma rosa vermelha para eu ir para casa!". E sim, tem e está tudo bem. É cara (afinal estamos em Lisboa), mas o que isso importa?

Nada... até que começo a andar e recebo o telefonema. "Uma amiga minha está cheia de problemas. Está mesmo mal e precisa que eu a vá ajudar. Não podemos jantar hoje." Coincidência? Verdade, ou uma mentira infantil? Sinceramente, não me interessa muito e consigo vencer a desilusão da expectativa criada durante um dia, porque assim sei que vou conseguir descansar durante a noite. Podias ter-me ligado uns minutos antes, mas pronto, já se sabe... estas coisas funcionam sempre assim não é? E mando uma mensagem quando chego a casa a oferecer ajuda se precisasses de alguma coisa. Na realidade,  acho que adivinhei nesse momento o resto da história. Não é uma questão de autoconfiança, ou de incerteza. Aliás, nesse momento, foi mais a certeza que algo *não* ia correr como eu desejava.

E não me enganei. Só me faltou foi o pormenor da viagem para a Alemanha que tão rapidamente me foi oferecida, como me foi retirada. Raios, é que tinha sido na altura perfeita. Estou mesmo a precisar. E, ao invés disso, ando a escrever aqui enquanto faço mudo de janela com alguma frequência para ver se já me respondeste aos e-mails que começámos a trocar entretanto... e acabaste de o fazer.

2010-07-04

quase meio ano depois...

Já não está a custar tanto. Viver sozinho agora parece mais natural... é óbvio, já estou mais habituado e parece tudo tão bom quando não tenho que dar justificações a ninguém. O problema é quando sinto este vazio a apertar - como hoje. Sinto e demoro um pouco de tempo a identificar esta ânsia, que me incomoda. Primeiro tento pensar, não isto é outra coisa, lá estou a voltar ao mesmo. Pensa noutra coisa, pensa no que tens para fazer! Distrai-te! Mas com o quê afinal? Catalogar músicas? Ver filmes? Jogar computador? No passado conseguia fazê-lo sem problemas - recente (há uns meses) e bem distante (desde que me lembro). Desde que voltei de férias? Ui, nem pensar. Por isso é que aqui estou, numa esplanada a desabafar para um espaço ao qual posso voltar no futuro. Agora se é para me sentir bem, se é para me sentir mal, já não faço a mínima ideia.

Já o devo ter dito quando comecei a escrever, que ia utilizar isto para pensar, para reflectir, para tirar um momento apenas *meu* para conseguir pensar sobre o que me anda a acontecer.

Ela persegue-me os pensamentos. Aquela pessoa... a ideia que faço daquela pessoa. Que agora anda mais fixa e habitual. Isto já não acontecia há mesmo muito tempo - adormeço a pensar nela, acordo a pensar nela - provavelmente não sonho com ela, porque, pura e simplesmente não tenho memória dos meus sonhos. E isto tudo porque quando estamos apenas os dois, passamos dos melhores encontros que já tive na vida. Se calhar esta comparação é injusta se tomar em perspectiva os restantes encontros que já tive na vida e, para além disso, a minha memória deve ter tendência a ser curta. Mas, se poder deixar de ser balança agora por 5 minutos, sei que posso dizer que parece que encontrei ali quase tudo o que estava à procura.

Estou apaixonado? Tenho receio de dizer que sim, porque tudo o que me irrita, desaponta ou desilude são situações explicáveis pelas circunstâncias em que nos encontramos. Ou seja, não é nada com ela? Bem, se calhar é! Acho que fiquei mal habituado com a minha última relação. Agia de forma diferente comigo, em particular em grupo. Fico demasiado autoconsciente, parece que ela não me liga nenhuma. Mas a verdade é que eu sei que faço exactamente o mesmo papel. Não lhe dou assim tanta atenção. É um paradoxo, sentir-me  impaciente, irrequieto, desejoso, mas depois, com os outros à volta parece que não se passa nada. 100% cool. Aliás, nem tanto. "Estás em baixo hoje..." "Não, estou apenas cansado...", mas lá vou sociabilizando qb. Depende das noites, dos grupos, mas há ali qualquer coisa naquele que não dá. Aliás, é fácil... é o tamanho. Era demasiado grande. E, salvo raras excepções, não faço questão de ser o centro das atenções.

Ela já não. Ela gosta que estar na ribalta. E sei que gosta de estar comigo em privado. Em grupos já não sei...

O que sei é que continuo a avançar com velocidade de caracol nisto de tentar iniciar alguma relação. E volto para os meus amigos e desabafo como se tivesse descoberto uma candidata a mulher da minha vida. E agora, aproveito este momento para pensar... e vejo o quão parvo isso tudo é.

Mas que continuo a pensar nela, continuo.