2009-08-31

Há 3 meses tive o meu último.

Porquê?


Começo a pensar na cadência com que devia escrever aqui. É natural que seja conforme a inspiração e a vontade de partilhar algo com o mundo. Agora é novidade e tenho tempo livre (resta-me uma hora). E fico ansioso. Tenho que aproveitar para colocar aqui o máximo de ideias que me é possível? Aproveito uma tarde mais criativa e escrevo logo uma data de "posts" novos e depois vou colocando online à medida que o tempo passa? Esta é capaz de ser a melhor solução – sempre consigo rever o texto com um pouco de distanciamento em relação ao que escrevo (técnica recomendada por muita gente).

E, já agora, falo sobre o quê? Parece-me evidente que devo falar sobre coisas que me façam andar para a frente e me façam sentir melhor comigo mesmo.

Sobre este assunto vêm-me à cabeça uma série de ideias – Música, Filmes, Ideias e Sentimentos – estou a usar este "livro" como exorcismo da relação que superei (*) . E Zás, volto a falar de sentimentalismos. Seja, é para assim que aqui estou.


* - Estou a ver que vou usar com frequência as notas de rodapé para complementar ideias. Eu gosto das notas de rodapé – gosto da forma como podem imitar facilmente a forma como estou a pensar e como fazem ligações alteranativas ao fluxo normal do texto J Cada um com a sua mania. Bem, neste caso tenho que confessar uma coisa. A minha "ex" ofereceu-me, acho que 2º ano de namoro num Natal– data de grande simbolismo para ela, um moleskin para fazer os meus apontamentos em grande. Estava no último ano da faculdade e tentei escrever lá coisas. Tentei usar como diário, como este mas em 3 anos de utilização muito pouco frequente acho que nunca consegui escrever algo de tão íntimo como aqui. Provavelmente nunca acreditei naquilo. Ela bem me pedia para ler o que eu lá tinha escrito. Era privado e eu não queria partilhar. Aguentei muitos pedidos até que um dia cedi.

Hoje acho que não devia ter cedido. Quando lhe queria mostrar quem eu era eu mostrava. O escrito era meu. Neste blog resolvi a questão fazendo o contrário. Estou aqui a escrever tudo o que não me importo que seja lido. Se for apenas por mim que seja. No limite, posso partilhar com uma grande amiga que tenho que me passou o bicho da escrita. Gostei de ver como ela usava a escrita como forma de escape.

Em vez de fumar mais, ou de me andar a matar na farra decidi fazer isto – experimentar uma coisa diferente a ver que género de paz isto me traz.


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Música– Regina Spektor – That Time

2009-08-30

Biblioteca Camões


Estava a ir para uma esplanada perto do Bairro Alto e de repente apercebo-me de uma porta do lado esquerdo que raramente tinha visto aberta. Pudera, o horário de funcionamento do local é até às 18 da tarde, exclusivamente em dias da semana – horário muito pouco compatível com a minha realidade profissional.

Curioso, decido entrar, desligo a música (sim, ando sempre com o meu Walkman atrás) não vá alguém perguntar alguma coisa. Fiquei agradavelmente surpreendido – conto onze pessoas na mesma sala em que estou. Mais gente do que estaria à espera.

Pensando bem, a última vez que tive numa biblioteca foi no estrangeiro, em plena Universidade cheia de gente estudiosa e trabalhadora J. Aqui vejo pessoas que devem estar de férias (as aulas ainda não começaram), ou com o dia de folga a ler a Bola, Correio da Manhã e Público. Alguém está a ver um filme que não reconheço numa televisão pequena ao fundo da sala. Ao computador, para além de mim, só uma rapariga para além de mim do outro lado da sala.

(…)

É engraçada, particularmente quando faz um ar concentrado e pensativo ao levar a mão ao queixo. Agora fiquei surpreendido comigo mesmo. Nunca me imaginei a escrever sobre isto. Eu sabia que hoje ia fazer alguma coisa nova J.

(…)

Diversas revistas nesta sala e o espaço é acolhedor. Imagino que no inverno ainda mais do que no Verão (O ar condicionado não funciona e já estive em locais mais frescos). Foi no entanto uma transição brutal – passar os Armazéns do Chiado para aqui. Valeu a pena. E é bastante mais barato :P
No entanto, a secreta esperança de encontrar wireless gratuita num local público em Lisboa foi por àgua abaixo. A minha cidade natal nesse aspecto tem essa vantagem, em particular com a esplandada que existe junto ao local. Enfim, escrevi mais um bocado, preparei mais outro post enquanto espero notícias de uma amigo meu. Mas já chega, vou ver com mais calma a biblioteca e aproveitar já que cá estou. Nem imagino quando vou cá conseguir voltar.

(…)

E consegui organizar as ideias… Kewl (forma parva de escrever cool, eu sei – aliás uma das coisas que ando a pensar é quanto de mim coloco nesta escrita. Há expressões tipicamente minhas que costumo usar com frequência quando falo com amigos online. E se alguém descobre? :D

Naaaaaa, não me parece :) E também imagino que haja coisas mais interessantes para fazer na internet.


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Música: The Kills - Midnight Boom

2009-08-28

Devaneios


Ainda hoje de manhã sabia o que queria escrever. Estava a ter daqueles momentos de inspiração quando estamos no banho (um dos locais onde sou frequentemente assolado por "boas" ideias) e sabia o que colocar aqui. Deve ter a ver com o voltar a escrever em português. Já tinha saudades. Disso e de desenhar. Mas sobre isso mais à frente.

Agora nem por isso J.

Passa-se o tempo e perco a noção do que escrever. É engraçado, estar num sítio público (Armazéns do Chiado) a escrever algo que para mim é pseudo-privado. Nunca será totalmente porque nutro sempre o desejo que alguém leia isto e se identifique. Que se relacione (*) com o que vou escrevendo. Ainda não sei se isso vai acontecer – tenho as minhas dúvidas, porque não tenciono fazer publicidade J - e receio que quando voltar a trabalhar que perca a "paciência" para isto. Esperançosamente penso que será como o ginásio. Que não – que no mínimo, virei o tempo mínimo por semana cá. Se gostar de este tempo de reflexão porque não? Em vez de ter as minhas crises de ocupação, porque não escrever para exorcizar os meus demónios?

Bem, o facto de ser anónimo ajuda.

Não espero nada – a haver comentários, será sempre de alguém que, ou não conheço, ou que não me conhece. E isso agrada-me. Reduz os filtros e facilita a honestidade. Pelo menos do meu lado.

(***)

Lembrei-me de uma coisa que queria colocar aqui, que me lembrei de manhã. As músicas que ando a ouvir. Se há diálogos que gosto de ter é sempre música – sobre o que gosto, o que que estou à procura e o que me influencia a disposição. Por isso, acho que vou sempre colocar o álbum (ou música principal) que estou estou a ouvir enquanto escrevo. Não há de ser difícil de adivinhar o género (há 3 anos que anda bastante no alternativo a roçar o post-punk rock – vejam a definição no allmusic guide).
Associo muito a música a estados de espírito e, infelizmente só comecei a alargar os horizontes há poucos anos. Roo-me de inveja com a facilidade que o pessoal mais jovem hoje tem para conhecer coisas novas e fazer descobertas de sons que lhes encham as medidas.

(***)

A escrever sou como a arrumar a casa. Lembro-me de uma coisa e tenho que ir logo lá. Não faço um plano nem uma fila ordenada e estruturada. A arrumar a casa posso tar a limpar o chão que se vir uma coisa desarrumanda na secretária sou capaz de ir por os livros e documentos no sítio. E só depois volto para o chão. Aqui é a mesma coisa. Estou a escrever, um parágrafo com (algum) sentido, que dê para acompanhar e de repente ZÁS, vem o pensamento (minimamente) relacionado à cabeça. E depois tenho que o anotar para não se perder. No final, faço uma revisãozita a ver se o texto ainda faz sentido e decido publicar.

Por isso, não me admiro de ver muitas vezes os "(***)" no meio dos posts.

Bem, quase 600 palavras em meia hora. Isso dá uma métrica sem nenhum valor, mas vou ter agora com antigos colegas do trabalho e depois zarpar para acabar as férias no último sítio que estava à espera este ano. No local onde estou a estudar.

* - à falta de palavra melhor, o que me veio à cabeça foi "relate" em inglês. Por vezes dou-me a pensar em inglês. Depois de ter que escrever tanto em inglês é natural. Mas prefiro a minha lingua nativa.

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Música – Sonic Youth – The Eternal, Interpol – Turn on the bright lights

2009-08-27

Quem sou eu?


Hoje foi mais forte que eu. Já andava para iniciar a escrita de algo (o blog realmente é o mais imediato) que me ajudasse nesta fase da minha vida. Uma pequisa rápida pela net e apercebo-me que o nome "acaminhodos30" no blogspot já está ocupado. Ainda por cima, por alguém que teve uma ideia semelhante à minha. Daí ter escolhido o anonimato deste espaço. A ver se atino com isto.

Pois bem... comecemos. Se me tivesse que descrever, de uma forma rápida, o porquê deste blog faria-o da seguinte forma:

- (ainda) Estou na ressaca do término de uma relação que durou >= 7 anos. Foi há cerca de 3 meses. Penso um pouco nela... penso mais no porquê de ter durado tanto tempo, quando eu sempre soube que havia problemas de fundo.

- Estou actualmente a fazer uma actividade paralela à minha vida profissional. Voltei a ser estudante num curso superior. Já fez um ano que iniciei esta interrupção para voltar a estudar e agora começo a pensar no regresso (no que me espera - um cargo com mais responsabilidade, o que me agrada e assusta ao mesmo tempo).

- Falta pouco mais de um mês para fazer 28 anos (para um blog anónimo estou a dar uma série de pistas, não é?). Ainda não estou a bater mal, mas em breve cheira-me que essa fase vai começar.

E por isso decidi por mãos à obra. Vamos a ver se isto é como o ginásio. Se tenho vontade de vir cá com alguma frequência e de desabafar e pensar sobre a vida aqui. Quando escrevo tenho a capacidade de colocar as coisas em perspectiva de uma forma que faz sentido. E estou a precisar de isso mesmo agora. Estou a precisar de reflectir sobre as pessoas que conheço, sobre as coisas que ando a fazer, sobre os amores que não ando a conseguir começar, nem largar.

Foi demasiado tempo, com muita bagagem pelo meio. E é o normal não é? É só dar tempo ao tempo. É confortável acreditar no que me dizem: "tens de ficar bem contigo mesmo antes de partir para outra". "Quando menos deres por ela, vais encontrar alguém!"

São pensamentos "simpáticos"? Acho que fiquei céptico. E não foi depois de acabar. Foi durante a relação. Pois, por isso é que isto não resultou não é?

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música: Dirty Three - She Passed Through

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Nota: isto é um re-post de um blog que tinha aberto recentemente no Sapo, mas que verifiquei não se portar muito bem. Já tinha alguns outros prontos e não tive grande sorte a aceder ao local outra vez. Assim sendo, decidi mudar para o blogger, que já conheço bem. Portanto, quando virem http://acaminhodos30.blogs.sapo.pt/ veio originalmente daqui.