2009-11-30

Comida

Umas das coisas que gosto de experimentar é a culinária. Hoje vou preparar um jantar, pseudo-romântico para dois e inspirei-me num site (um blog, quem diria?) e nesta receita em particular. Já andava com vontade de experimentar o forno para outra coisa para além de frango com cerveja (que é muito fácil de preparar). Esta também não foi complicada e já em começa a cheirar bem ali da cozinha (vantagens de se viver numa casa pequena durante o Inverno - os bons cheiros propagam-se facilmente e o calor também).

(...)

Bem, não percebo é sinceramente porque continuo a insistir em fazer jantares românticos. Bem, quer-se dizer agora estou a perceber - estou a treinar para algo a sério, para quando trouxer cá alguém para um outro jantar e estes momentos contigo são também óptimos para refrescar a logística: quantidades, preocupações com talheres, pratos, copos. Sim, com as novas pessoas espero poder usufruir de belos momentos ao mesmo tempo que partilhamos um copo de vinho. Tu tentaste uma vez no passado partilhar isso comigo, já cá nesta casa mas não correu bem. Fazia-te confusão a sensação do álcool a subir pela cabeça. Reconheço-te o esforço, pelo menos. Nessa altura.

Bem, vamos a ver se a comida resulta bem. Gostava realmente de tirar uma fotografia ao resultado final, mas pelo que já vi posso afirmar que estão parecidos com os desta fotografia (um pouco mais queimados é verdade, mas já desliguei o forno).




Sobre a fotografia da esquerda: A foto é pública segundo a autora (Saяa) e vem do blog "chocolate a mais...".


A fotografia da direita (actualização a 16-02-2009): Já é o resultado da experiência que andei a fazer. Sim, visto daqui parecem ter um aspecto pior que o da receita, mas foi também a primeira vez, mas essencialmente era o queimado a mais. E sabiam muito bem!

O recomeço aproxima-se

Começou com um belo concerto: Muse @ Lisboa 2009. Já os vi três vezes ao vivo, mas hoje foi, sem dúvida o melhor de todos. Foi uma boa noite, com um bocado de tudo o que gosto: animação musical, conversas profundas - partilha do mais fundo que sentimos com o nosso melhor amigo e servir de conselheiro espiritual a um outro grande amigo. Tenho de fazer destas coisas mais vezes e acredito que a partir de agora passe a ser mais fácil. Practicamente já acabei o mestrado, fora um ou outro trabalho e estou ansioso pelo regresso.

A esta cama, ao meu espaço: a este meu pequeno mundo que demorei cinco anos a criar. A ansiedade que senti da outra vez já não me afecta e isso sinto (alguma) confiança neste regresso. Um regresso também a este espaço que tenho descurado um pouco. Andei praticamente um teenager viciado na noite e na vida boémia. Afinal, não vou ter muitas mais oportunidades para experimentar algo igual. Não me imagino a voltar para o "conforto" desta situação num futuro próximo, em que posso, no limite sair todas as noites se quiser. Claro que saber que é temporário ajuda sempre, aliás pelo facto de saber que está a terminar, é que sinto esta ânsia para aproveitar o dia-a-dia (mais noite-a-noite, mas pronto).

Em breve regresso. Com uma história concreta para contar.

(***)

Listening to: Sara Bareilles - Gravity (recomendado pelo meu amigo que está a passar pelo pior tormento amoroso desde que o conheço. Acima de tudo, ouvi-o. Fiz o que faço melhor e depois ajudei-o a colocar as coisas em perspectiva. Fosse tudo tão fácil comigo como é com os outros).

2009-11-25

Três dias

Vou entrar amanhã na recta final. Acabei os meus exames na faculdade e agora ando preparar a entrada na minha vida profissional. É engraçado, saber que o tempo está a mudar, que e mudança eminente está cada vez mais perto. E com uma esta mudança aparecem uma série de coisas novas:

- A depressão do meu pai com a reforma. O diagnóstico que faço, embora seja rápido, acho que é adequado à realidade.

Ele sempre se dedicou de uma forma parva ao trabalho, sempre esteve imerso naquele mundo como forma de se sentir útil e realizado. Agora, tudo aquilo acabou. Está em casa, sem obrigações, apenas com os seus sentimentos e a doença de olhos que o impede de ver ler, televisão, pintar ou simplesmente navegar de forma relaxada na net. Portanto, tem de ocupar a cabeça com toda a espécie de pensamentos que, no limite, o levam a estados de preocupação extremos. O pensamento no futuro, na salvaguarda dos filhos, em vez de estar a pensar nele a minha mãe.

Irrita-me tanto, mas não consigo ficar triste directamente com ele. A sua preocupação (na essência) é boa e foca-se demasiado no meu bem-estar e do meu irmão em detrimento do dele. Isso tem que mudar, pois afecta a sua sanidade mental e de quem o rodeia. Admiro a paciência da minha mãe, mas também, após trinta e tal anos de casamento também não é de admirar que a haja.

Enfim, mais sobre isto daqui a algum tempo.

- Operar o meu joelho. Agora começa o processo de luta para conseguir que tudo fique decente com o seguro de saúde que tenho pela minha empresa. Agora dizem-me que se fiz a lesão quando ainda não tinha o seguro de saúde que não estou ao abrigo do acordo. Algo que não me lembro de ver nas condições (interessante, lógico na perspectiva deles, mas é interessante ver como o mundo realmente funciona).

Bem, o ano foi o mesmo em que me lesionei e em que entrei para a empresa (5 anos). Neste aspecto não menti e espero que não me obriguem a dar detalhes, senão vou ter que atrasar a lesão em 2 meses (em vez de ter sido em Julho de 2004 foi em Setembro de 2004, altura da minha entrada). Espero que a data de entrada que indiquei num mail que acabei de enviar seja o suficiente nesta questão parva e que o médico aceite em fornecer a informação adicional que eles pedem. Meti-me nisto e agora tenho que levar o processo até ao fim. Mais cedo ou mais tarde ia ter que tratar disto.

E assim começo a entrar na fase nova. Sem certezas, sem saber o que vou fazer, como vou trabalhar, como vou viver.

Mas… até estou confiante.

2009-11-16

À espera

Acordo e demoro um pouco de tempo a perceber onde estou… como de costume, vejo tudo desfocado e preciso de alguns instantes antes de me lembrar da noite anterior (esta é uma das características "interessantes" na miopia – a minha percepção do mundo sem ajuda é estranha para quem nunca teve esta pequena dificuldade visual).

A janela do lado esquerdo está completamente fechada, apenas entra uma pequena frecha de luz que não é suficiente para iluminar o quarto. Pela porta, que deixei propositadamente aberta entra aquela claridade baça de um dia pesado e chuvoso. Olho para a mesa-de-cabeceira pequena que está no lado direito da cama (voltei agora ao lado que me pertence na cama, após dois anos no lado "errado") e procuro pelo telemóvel sem olhar. Apalpo o telemóvel, base do candeeiro e só à terceira tentativa é que encontro o telemóvel que também serve de despertador. Ainda faltam duas horas para tocar o alarme. Devia ficar contente, posso voltar a dormir a descansar como gosto de fazer, mas não me sinto cansado.

Vou ter a reunião importante, a primeira oficial de reintegração, com o responsável máximo da empresa. A adrenalina que começa a pulsar pelas veias quando penso nisso não me deixa adormecer. Convenço-me sozinho que posso fechar os olhos e descansar mais tarde (aguarda-me uma viagem de comboio e a oscilação que me consegue sempre embalar com uma facilidade extrema).

E aqui estou. Umas dez horas depois, com sensação de missão cumprida a pensar nas próximas entregas que vou para esta e para as semanas que se avizinham. Esta sensação de estar sempre à procura de algo para fazer, para trabalhar é ambígua. Não sei se gosto verdadeiramente dela, ou não porque, por um lado ajuda-me a manter a mente ocupada. Passei quase metade o dia de ontem, um dos dias em que mais tive tempo para pensar nos últimos meses, a trabalhar – a escrever dois documentos que tenciono usar no futuro. É justo, é (por enquanto) o foco central do meu trabalho e aceito-o bem. No entanto, gostava de experimentar não estar sempre a olhar para a frente, para o que aí vem, para o que tenho que fazer.

Na próxima hora e meia estou mais descansado. Vou ver duas séries de televisão que me costumam animar bastante: "Family Guy" e "American Dad". O mais provável é esboçar grandes sorrisos em público… ou então vou adormecer primeiro. Estou relativamente curioso para quanto tempo aguento antes de cair para o lado. Provavelmente nem chego aos dez minutos.

(***)

Listening to: Absolutamente nada. Carreguei o leitor de mp3 mesmo há bocado, mas não me apetece ouvir nada. Tenho que descansar a mente.

Um novo dia


Estou na minha varanda a olhar em frente. Vejo quatro palmeiras, no meio do cimento citadino e sorrio. Gosto realmente do sítio onde vivo e sei que uma vista destas não me vai ser fácil de repetir. Gosto da forma como as árvores se agitam por entre a chuva intensa que caí… sinto-me relaxado, em paz. Começo a reparar em volta e tento reparar em coisas que até agora me passaram despercebidas. No graffiti que adorna o muro velho e cinzento que separa o passeio e o local onde os animais agora descansam. Os carros que passam agora, com calma, pela estrada molhada e escorregadia. Reparo também em duas pessoas que andam calmamente, de cabeça baixa em direcções opostas. Até que em concentro na calçada esbranquiçada que se encontra por debaixo de mim a alguns metros de distância. Recuo instintivamente, pois o parapeito é demasiado baixo. Começo a fechar a janela, para me "proteger", criar uma rede de vidro que me protege de algo indefinido que me possa fazer cair.

Sorrio um pouco, pelo absurdo da situação. Não vou, não quero cair. Outra vez não. Sinto uma energia nova dentro de mim que hoje ainda não tinha sentido. Nem quando tinha acabado o trabalho… a velha sensação de recompensa que hoje esteve, estranhamente, ausente. Penso no futuro e estou a preparar entregar-me a um novo desafio. Tenho escrito até com alguma frequência, durante um pouco mais de dois meses a antecipar o que aí vem. E ainda não estou pronto – sei que vou reagir bem, que me vou refugiar igualmente no conforto de hábitos velhos e no desconforto do que ainda não conheço. Interrogo-me como, onde e quando te vou conhecer. Ando a percorrer uma lenta metamorfose que me vai deixar pronto para esse momento. Ainda não está completa, aliás, nem sei se vai a meio, no início, nos primeiros quinze minutos. Mas mantenho a esperança, pois no fundo sei que sou um romântico incurável.

Em algumas atitudes, pelo menos. Decidi premeditadamente não falar contigo hoje. Não sei porquê, mas estou a ver que precisava de passar um dia totalmente imerso nos meus pensamentos. Espero que não tenhas ficado aborrecida. Amanhã falamos.

(***)

Listening to: Dirty Three – Horse Stories.

Prólogo


É Novembro e está, finalmente, a chover. Acordei sozinho, sem despertador à hora prevista. Deitei-me tarde, mas consegui cumprir com as minhas obrigações.

Sempre fui assim – quando é para me divertir, divirto, mas quando é para trabalhar, consigo parar. Aliás, chamam-me ocasionalmente de workaholic… Por outro lado, quando saio, envolvo-me no momento, nas pessoas, no que estou a fazer. Esqueço-me do que me rodeia a tento aproveitar ao máximo. Foi o que aconteceu ontem, já não falava com aquele meu amigo há muito tempo. E evitei prolongar a noite, porque hoje tinha trabalho a fazer – dois trabalhos diferentes. Um de grupo, relacionado com o futuro da minha empresa que ataquei primeiro (o facto de ser grupo aumentou a minha necessidade para começar por aí). Depois o outro, foi simples e directo. Tive um momento de lucidez na minha única pausa para cigarro do dia. Soube naquele momento sobre o que ia escrever e como ia entregar o trabalho. A partir daí foi entrar no piloto automático e esperar que acabasse de escrever.

A noite chegou cedo e com ela a solidão. Só falei com pessoas pelos "messengers". Não saí de casa, nem tomei banho. O dia não estava para muito melhor, mas senti aquele receio de estar sozinho. Lembrei-me do que já senti no passado: das noites isoladas durante a semana, em que uma pessoa se sente cansada quando chega a casa. Mas pior, lembrei-me dos domingos. Das ressacas das festanças no dia anterior. Da falta que sentia em estar com alguém, abraçado a ver um filme, uma série. Fiquei um pouco apreensivo, mas depois acabei por vir ter aqui, a este espaço escrever um pouco.

Olho para o ecrã e não sei mesmo o que quero dizer. Não é como das outras vezes em que tenho muito para contar e não sei por onde começar, ou como verbalizar o que estou a sentir. Reconheço o que sinto, o que me está a começar a afectar: frustração.Até que, decido ver um filme: Moon. Foi-me recomendado por um amigo e era mesmo o que estava a precisar. Não sei bem porquê. Talvez pela forma como tenha acabado. Deu-me esperança para enfrentar o dia de amanhã com uma garra que até agora não estava a sentir.

Estou contente por isso, gosto de ser surpreendido.

2009-11-12

Sem título


Sei que por vezes começo por pensar no título do post. Olho para o teclado, em volta e tento condensar todos os pensamentos que estão dispersos na minha cabeça numa espécie de categoria que simbolize o que estou a sentir naquele momento. Agora foi fácil… simplesmente tive que desviar a atenção e começar e a escrever este pequeno parágrafo introdutório. E deixo o título para depois… ou então, pura e simplesmente decido evitar esse assunto hoje. Também tenho direito não é?

Ando demasiado "ocupado" na minha vida privada para ter algum tempo de qualidade contigo. Por um lado ando a combinar demasiados encontros com ela – mais um bocado vive cá em casa. Já andamos a dormir juntos quase umas duas, três noites por semana. Ainda por cima, por causa do pormenor de usar a "hibernação" do computador, por vezes estamos a ver séries e tenho à pequena distância de um click os documentos que têm estes textos e, pior ainda, uma browser já aberto na página principal para a edição dos posts. Com o título em letras garrafais no topo da página. Pois claro, este fim-de-semana ia correndo mal.

Ela sabe que eu escrevo. Viu de relance e perguntou e, como criança grande que sou, comecei com evasivas: "O quê?" "Aquilo? O quê?" "Era só uma página, porquê?" "Porque é que a fechei?" Pronto, ainda nos divertimos com a situação e ela também não forçou a barra, e ainda bem. Respeitou a minha privacidade (conceito engraçado falar em privacidade quando estou a deitar tudo cá para fora num espaço "público" e "anónimo"). Mas pronto, gostei da experiência de, pela primeira vez, ter visto o Star Wars de uma forma minimamente romântica, com alguém que até gostou do filme e ficou com curiosidade para ver o Império Contra Ataca. Gostei, mas foi estranho. Por outro lado, ela disse o mesmo quando vimos duas comédias românticas no mesmo dia.

(…)

Mas pronto, para variar divago. Vai ser mais uma noite a passar música. Na noite a seguir vou pela primeira vez entrar no Estádio da Luz para ver o jogo de Portugal (bilhetes oferecidos pela empresa). Será uma boa oportunidade para sair um pouco em Lisboa e para estar com os meus amigos da capital. Para falar com as chefias e dizer que afinal já tenho data de regresso oficial. A partir do dia 28 de Dezembro vou regressar. Talvez, com um bocado de sorte, como a semana é a transição entre Ano Novo e Natal possam dar-me algum tipo de dispensa, mas a verdade é que vou ter que preencher a folha de horas em algum projecto. Enfim. Vou passar três dias na capital - já não o fazia há algum tempo.

(...)

Olho em volta agora e apercebo-me da casa onde estou. No meu quarto temporário (durante um ano). Está a acabar, é verdade. Sinto a aproximar-se. Já não é como nos outros dias, em que estava distante. Esse pormenor finalmente/infelizmente está a definir-se. E reparo que estou a encarar o futuro profissional com expectativa e esperança. Algum receio, mas muita confiança. Quanto à vida pessoal já não sei bem. Vida amorosa quero dizer. Por um lado tenho algum receio por causa do factor "tempo". Quanto tempo vou ter para mim? Nestes últimos meses andei nas sete quintas e acho que a transição me vai custar um pouco.

(suspiro)

(***)

Listening to: (Secção do Rock, Punk, Música Porreira que geralmente domina as noites em que passo música). Joy Division – Transmission, Bloodhound Gang – Fire Water Burn, Mão Morta – Budapesta, Iggy Pop – Nightclubbing, Boxer Rebellion – Flashing Red Light Means Go, Franz Ferdinand – The Fallen, The Strokes - Razorblade, Razorlight - In The Morning, U2 - Gone (new mix)

Sobre a imagem: Apeteceu-me procurar pela palavra espelho. Desta vez nem passei pelo Google, foi mesmo directo ao DeviantArt. "Black Mirror" como critérios de pesquisa e aparece-me esta imagem que gostei deste o primeiro momento. E com a qual me estou a identificar.

Nome: "mirror mirror"
Autor: CSnyder
página original aqui.

2009-11-07

Casamentos?


(2009-11-12) revi o texto e editei umas pequenas partes no final. Tive que o acabar no outro dia à pressa e tive necessidade de voltar cá.

Bem, estou aqui hoje de tarde com os meus pais na sala, mais uma amiga deles e a filha mais nova (que já tem 21 anos). Estou, estamos, a ouvir o desabafo dela há duas horas e pouco. Foi casada durante trinta anos com um outro amigo dos meus pais (vou chamá-lo de "X" – fica mais fácil a escrita) e estão agora separados. Ainda não divorciados, mas separados há coisa de um ano. Parece que ele a começou a trair no início do ano passado com uma colega de escola… Trinta anos de casamento pelo cano abaixo. De uns amigos que já conheço desde que nasci. É estranho, sou bastante liberal nesta coisa das relações, quando se respeitam, quando está tudo bem, mas esta história afectou-me uma beca. Talvez um pouco pela altura em que aconteceu (estou – finalmente, a chegar ao meio ano de separação), mas o que estranhei mesmo mais foi a questão do comportamento do X. É engraçado, as máscaras que vestimos todos os dias, como nos comportamos junto dos outros, como queremos ser aceites.

O X era uma pessoa mesmo simpática, com uns seus toques de brutidão, é verdade e tenho que o admitir se olhar em retrospectiva, mas nunca o imaginei a deixar a mulher. A dizer as coisas que ela diz que ele disse. Bem, a filha confirma e os meus pais também. Realmente, são imagens e situações que nunca tinha pensado. Com 62 anos (!) – ok, pode ter-se apaixonado, ter perdido a paixão pela mulher. A logística já é mais fácil, já tem as filhas crescidas, uma da minha idade, já trabalha. A outra a acabar o curso… Lembro de tudo o que já passámos juntos, desde aqueles dias em que eramos putos a brincar, lembro-me de olhar para os meus pais e para os amigos e sinto-me meio nostálgico... o mundo realmente não pára de surpreender.

O pouco que eu conhecia era aquela pequena máscara que eles deixavam conhecer ao mundo exterior.
Mas, há coisas que não me enganam, comportamentos que consigo sempre identificar, coisas que agora fazem mais sentido. Não as concebo, mas fazem mais sentido. Pergunto-me se a honestidade completa entre dois seres humanos consegue ser completa? No meu caso sei que não. Nunca digo tudo. Mesmo aqui. Sou eu, no fundo sou eu, sou honesto a mim mesmo, mas só coloco aqui o que me sinto confortável para confrontar.

(…)

"É tudo muito lindo" diz o meu Pai. "Ela ainda está muito ferida".

E é verdade. O melhor conselho não sei qual é. Talvez dar tempo ao tempo. Partilhei apenas com ela o que funcionou comigo. A minha situação, embora apenas tivesse 7-8 anos, já confere alguma credibilidade. Eu para "me resolver" estava a procurar outra relação. No momento em que a deixei de procurar, tudo se começou a resolver. O conselho que lhe dei não foi procurar outra relação. Foi para ela deixar de procurar aquilo que justificasse o comportamento do marido. Que o aceitasse, simplesmente. Acho que mesmo que ele o explicasse, não existe nada que dê sentido aquela separação. Chamem-me ingénuo, o que for. Isto não é acreditar no "Amor", "amor", "paixão". Tem a ver com acreditar no respeito e companheirismo. Mas, a verdade, é que ainda tenho muito para ver. Muita coisa para superar.

Como ela também tem. Não é apenas esperar 2 anos como lhe disseram. Um calendário consegue ser tão perigoso.

(***)

Listening to: Nada em particular. Comecei a escrever à frente deles, a fingir que trabalhava. Hoje adiantei um trabalhito de grupo, mas para a semana vou ter uma semanita mais atarefada. E ainda bem.

2009-11-05

Enquanto ganho sono

Estamos a aproveitar ao máximo.


O encontro de ontem fez-me afirmar isso com toda a certeza: decidiste que precisavas de dançar. Desafiaste-me e, como pessoa facilmente seduzível que sou, aceitei logo. Não era suposto, não nos devíamos ver durante mais alguns dias. Estás simplesmente a aproveitar o tempo que tens comigo? Eu sei que te divertes realmente, que queres repetir isto mais vezes. A senhora da roulotte da comida fartou-se de rir connosco. Não estávamos muito tocados, mas o suficiente para estarmos soltinhos para servir de entretenimento a outros. Dizer que colocar ketchup e mostarda daquelas geringonças que estão suspensas é o mais parecido que existe com ordenhar uma cabra é, no mínimo e naquele contexto, engraçado. E agora vais ter espectáculos por zonas diferentes do país e a logística vai complicar bastante. Quando, no final do mês, abandonar esta casa os nossos encontros furtuitos vão ser (bastante) mais complicados.

Mas isso é, por enquanto, um problema para o meu eu futuro.

(...)

Quando estou contigo abraço-te. Estou a pensar e não é sentimento de amor, de desejo. É puro carinho, conforto. Gosto de estar junto a ti, entrelaçado, quando estamos deitados a ver séries de televisão. Massajo-te a cabeça, o corpo - com creme hidratante. Treino, retomo hábitos antigos para: 1) saber se ainda os sei fazer, 2) ver o efeito que têm. E acho que têm tido bastante resultado - não estás nada habituada a que tratem de ti e eu, confesso, tenho saudades de cuidar de alguém, de massajar e partilhar conforto. Não é constante neste nosso caso, continuamos a resfriar-nos em público e isso é bom.

(...)

Sei que me ando a repetir quando digo aqui que não quero mais nada. Não é que não tenha pensado na logística da relação. Já o fiz, mas mais que a logística é o que sinto por ti. Não está no nível para fazer uma relação séria. Tens enviado muitas mensagens, telefonado muitas vezes e reconheço a empatia e satisfação no teu tom de voz.

Eu não te faço o mesmo, mas temos outros hábitos parecidos. Temos muitos momentos em comum que me têm assustado. Reacções primárias à diversão. Pensamos de forma muito semelhante.

Ligas o teu telemóvel à minha frente, enquanto tomamos um copo e dizes com aquele tom de confissão

"ah nem acredito que tenho esta mensagem de boas vidas no telemóvel: «Welcome Master». Que ridículo."

Ao que, incrédulo apenas respondo. Tens o quê? Relembro-mo do velho hábito que tenho, desde 1999. A primeira coisa que faço quando arranjo um telemóvel novo é configurar a seguinte nota de boas vindas (falando o dialecto Nokia) : «Bem-vindo Mestre!»

Raio de coincidência. Tenho de escrever mais destas pequenas histórias enquanto ganho sonho. Destes momentos que marcam os nossos encontros. E com outras pessoas também.

(...)

Lembrei agora da ti. Estás em Lisboa, regressaste. Vou desafiar-te para um café, aliás sugeriste precisamente isso. Mesmo não sendo para conseguir alguma coisa, acho que o contatar contigo vai abrir portas para conhecer outras pessoas. Não me posso esquecer disso.

(***)

Listening to: dEUS - Favourite Game, Pixies - Here Comes Your Man, U2 - Hold Me, Thrill Me , Kiss Me, Kill Me, Lenny Kravitz - Are You Gonna Go My Way, Boston - More Than a Feeling, Smashing Pumpkins - Bodies, ACDC - Thunderstrucck, The Cure - Friday I'm In Love, Red Hot Chilli Peppers - Californication

Sobre a imagem: Procurei por lençóis de cama no DeviantArt e descobri esta imagem. Do autor wecouldbefaceless.

2009-11-01

Andamentos

Hoje um amigo enviou-me uma mensagem a dizer que "andava com um andamento (!)". Tudo isto porque os desafiei mais uma vez para um jantar hoje, que é Sábado (3), depois de ter tido um ontem e ter passado (com sucesso) música na festa privada do meu amigo (2). Ah, e já me esquecia que na quarta-feira fomos jantar todos e ver os Irmãos Catita, com acesso à zona VIP - leia-se bebida gratuita, entre outras coisas (1).

Reparei que com apenas este pequeno parágrafo consigo lançar os tópicos para este post. Seguindo então, por ordem e cuidado - isto vai ser demorado:

(...)

(1) - Ao sairmos de OqueStrada na segunda-feira, assim uma meia horita depois do concerto ter terminado, tive a oportunidade de encontrar um amigo do meu irmão que me perguntou simplesmente: "Mas então, vais voltar cá?", "Sim, queremos ver se vamos ver Irmãos Catita na quarta-feira", "Ah, tá bem... e não me queres arranjar o teu número de BI?", "Err.... porquê?", "Para eu te arranjar bilhetes para a Zona VIP. Vais passar por um elemento do Jornal (que consegue arranjar bilhetes VIP a mais e que depois tenho de distribuir pelos meus amigos), tens acesso à zona VIP"... Nesta altura só me sinto a sorrir, não consigo fazer mais do que balbuciar um "Obrigado!" embaraçado. Consegui arranjar ainda mais 2 bilhetes (tive que lhes telefonar àquela hora para conseguir pedir-lhes os número de bilhete de identidade, mas as reacções foram mais do que positivas). E na quarta, lá fomos - aproveitar do sistema.

Ainda não tinha tido a oportunidade de experimentar a entrada com credenciais antes e resultou particularmente bem. O espaço era porreiro (mas o balcão era um bocado sobre lotado), e ainda deu para ir buscar uns finos (ou imperiais - uso indistintamente os dois termos) à vontade. O espectáculo foi engraçado, mas o pessoal estava muito contido. A maturidade já é diferente de há uns anos atrás. Quer dizer, não vale a pena recuar muito no passado (*). Claro que depois andamos pelo recinto, que estava vazio, quando comparado com a Queima no seu expoente máximo.

Sinceramente não me importei, mas não tive a sorte de ter aproveitado o som de forma decente. Passo a explicar, enquanto dava o concerto, as tendas estavam a passar música porreira (leia-se, derivados de rock) e perdi a janela de oportunidade para ter ouvido e dançado algo que gostasse. Em alternativa, fomos seduzidos para ir a uma conferência de imprensa com o Manuel João Vieira e foi como assistir a um espectáculo de stand-up comedy, embora ele estivesse sentado. Ri-me ainda um bom bocado.

No fim, quando fomos pedir para tirar uma foto (na realidade foi o amigo do meu irmão que teve tomates para chegar ao pé dele e pedir-lhe o jeitinho), conseguimos colocar-nos na posição correcta, sorrir para a câmara...altura em que ele começa a falar para uma mulher que estava na direcção oposta. Foto memorável. Realista. Enfim. Mais uma história para contar nos serões de grupo. Pelo menos, para aqueles que achem piada a este género de temáticas.

(...)

(2) - Ontem começou da pior maneira. Chegámos atrasados. Mas pronto, tudo muito bem. Começo a preparar as coisas e o Dono pergunta - "És tu que vais passar som? Pronto, quero falar só contigo! Anda cá. É assim, não quero coisas agressivas, quero coisas boas, que o som seja de qualidade, para respeitar esta casa". Os olhos de lunático, olhavam-me de cima a baixo e comecei a pensar onde me tinha metido. Mas, o que fazer?

Continuei, fui deixar a mochila na sala de cima ("Não quero sacos cá em baixo, não pode ser (!), lá dizia o outro) e ele tentou-me vender a utilização de uma mesa de mistura que estava toda partida (Não funcionava o crossfading!) altura em que me apercebo que não tenho cabo para ligar o computador ao amplificador.

Bem, a responsabilidade não é totalmente minha porque perguntei ao meu amigo o que era necessário para colocar o sistema a funcionar (afinal, não estava em Lisboa na altura) e ele disse-me simplesmente, que sim, dava para ligar ao computador que não me tinha que preocupar. Enfim, mais uma lição aprendida.

O que fazer? Bem, a solução óbvia era ir comprar um cabo (ainda só eram 23:30) e Wortens e Fnacs só fechavam à meia-noite em alguns shoppings. Um amigo nosso também era capaz de ter um cabo desses em casa. Outra alternativa que me lembrei seria comprar um cake de CDs virgens para ir gravando CDs do portátil enquanto usava o sistema todo queimado do Dono alucinado. Três hipóteses lançadas em paralelo para resolver um problema.

Uma hora e pouco depois chega, finalmente, o salvador da pátria com o Cabo que ligo, imediatamente ao sistema. Depois de umas configurações, mal o som começa a funcionar arranca a noite. O Dono vem repetidamente queixar-se da qualidade do som - em termos de equalizador, o som está distorcido e tenho realmente que admitir que algo de estranho está a acontecer. Quando experimentava em casa aquilo não acontecia e porque me precipitei para animar a malta não testei o aparelho condignamente.

Felizmente, após quarenta e cinco minutos de sofrimento (**) , há uma pausa para se fazer um brinde ao anfitrião da festa. Aproveito a deixa, altero rapidamente o programa para a configuração mais simples, em que não há duas placas de som e aí o som deixa de ficar estranho (finalmente!) e consigo fazer crossfades. Ok, têm de ser de cabeça, mas que os consigo fazer, consigo. E como houve a pausa, consegui recomeçar. Para o que foi, na minha opinião, um dos melhores momentos que já tive a passar música.

Durante cerca de duas horas consegui por toda a gente animada, essencialmente com música dos anos 80-2000, desde do "I Will Survive", "Maria Albertina" e o "Wawaba". Nesta altura o senhor deixa de vir falar comigo e começa a altura dos pedidos. Foram diversos, mas o que se destacou foi o pobre rapaz muito alto que era instrutor de Dança do Ventre, que me pede uma Música Oriental. Estava a dar nesta altura o "Funky Town". Só lhe pude pedir desculpa e fazer um ar de incredulidade. Ouve-se cada coisa.

Levo em bom ritmo até às 3:30 - altura em que devo começar a acalmar (ordens do Dono!). Ignoro-o e decido aceitar os pedidos para conseguir passar algum rock para uns amigos (Self Esteem no meio daquilo tudo). No final, tenho de por a "Tribulations" para agradecer oficialmente a ajuda da Bri que esteve comigo a coordenar alguns momentos e não me tinha safado tão bem sem a sua ajuda e... talvez haja aqui algum potencial - ontem falámos, brincámos bastante.. muito mais que o normal. E à custa disso já tenho o facebook dela. Vamos a ver o que acontece.

Agradar a gregos e troianos. Consegui. E isso fez-me sentir muito bem. E no final, contou-me o meu amigo, o dono perguntou-lhe se eu não queria voltar a passar som na próxima sexta. Não sou católico, mas isto claramente que merece um "Meus Deus!".

(...)

(3) - Escrevi todo este post em hora meia de viagem no Comboio. Muito bom, foi um momento em que necessitava de aqui voltar. Ainda bem que não consegui sacar séries e pude aqui voltar. Agora, vais-me buscar ao comboio, vamos tomar um café e preparar-me para a noite. Tenho que gravar os CDs outra vez e estou, ainda, com a adrenalina de ontem. Boa sorte para ti também que vais ter espectáculo. A minha altura vai ser depois. Espero que corra bem, porque não sei quantas mais oportunidades vou ter. Agora acho que devo acalmar um pouco a vertente DJ. Definitivamente. E depois, acabar em grande na última quinzena de Novembro.

Entretanto estou a chegar a casa. Foi uma viagem bem passada, que resultou num post exageradamente grande...

(...)

(*) Em 2007 fui ver os Ena Pá 2000 ao Santiago Alquimista e foi o Degredo, com "D" muito grande. Abusei da vodka, de repente bate-me tudo assim de repente e, quando dou por ela, estou a ir para o carro a cambalear, mas bem disposto. A rir-me, fazer rir os outros (na medida do possível). Bem, lembro-me bastante bem da situação, por isso não pode ter sido assim tão mau.

(**) O Crossfade não funciona, não consigo usar os auscultadores para ouvir os seguimentos das músicas, tenho que fazer tudo de cabeça e o programa está a ter uns comportamentos estranhos que nunca tinha visto acontecer em casa. Tento compensar ao máximo, mas há uns momentos estranhos pelo meio. Até este momento o pessoal ia entrando, saindo, entrando da pista (o grupo é diverso e arranjar um ponto de sincronismo está a ser complicado... bem, umas inglesas penetras estavam a delirar com a música e foram pedir-me muitas vezes para pôr mais alto algo que ia contra as ordens do Dono lunático. Estou a falar a sério, cada vez que me relembro da cara dele sinto arrepios. Ele tinha, claramente um grande desequilibro e era daquele género de pessoas que não é possível dialogar. Simplesmente, não dá.

(***)

Listening to: Não gosto apenas de colocar referências para uma colectânea. Vou tentar incluir aqui todas as músicas que o meu PC vai escolhendo aleatoriamente enquanto escrevo (o que revelou fácil).

Ornatos Violeta – Débil Mental,
Cake - I Will Survive,
Franz Ferdinand - You could have done so much better,
Pearl Jam - Even Flow,
Radiohead - Paranoid Android,
The Hives - Tick Tick Boom,
Radiohead - Fake Plastic Trees,
The Temper Trap - Sweet Disposition,
Hèroes del Silencio - Entre dos tierras,
The Police - So Lonely,
U2 - City of Blinding Lights,
Três Tristes Tigres - Zap Canal,
The Music - Welcome to the North,
Pulp - Common People,
The Killers - When You Were Young,
James - Sometimes,
The White Stripes - Blue Orchid

sobre a imagem: Mais uma vez, DeviantArt com uma procura sobre "disco". O Copyright diz Andrea Gonzalez, mas o nickname parece ser Esmaice. Mais info aqui.