2010-07-14

Parte dois

Era para ser um grito. Devia estar revoltado, mas agora não me sinto assim. É engraçado ver que a presença de amigos verdadeiros fazem toda a diferença. Saber que posso contar com o apoio de outras pessoas ajuda a ultrapassar esta sensação de vazio e solidão que ocasionalmente sinto. E embora esta não tenha sido uma situação extrema, houve ali um, ou outro momento, em que me perguntaram se alguém tinha morrido. Quando confrontado com uma afirmação desta importância, apenas me posso rir. Realmente vivo as situações de forma intensa e, aparentemente, sou mais expressivo do que me apercebo. Imagino, ingenuamente, que talvez isso seja uma qualidade. Apenas posso dizer que neste momento estou a sentir-me bem.

É engraçado, não houve nada que tenha mudado assim radicalmente de um momento para o outro, mas verifico que as minhas depressões são realmente temporárias. Provavelmente amanhã volta, ou quando ela me voltar a envia uma mensagem, mas o que fazer? Faz parte, não funcionou, acontece... get on with it. E quando ela, ou eu enviarmos a mensagem, espero reagir como agora me estou a sentir. Filmes vou fazer sempre, faz parte da minha personalidade, mas sei que me controlar um pouco por dentro consigo melhorar. E por esse caminho que quero continuar.

... ao mesmo tempo que ouço uma voz pequena na minha cabeça a dizer que não, isto ainda não acabou e que ainda não tivemos o último episódio desta telenovela. A essa voz, que vai perdendo intensidade à medida que vou escrevendo estas linhas, digo pura e simplesmente "esquece lá isso". 


(...)

Achei curioso ter hoje partilhado a história com duas pessoas diferentes - a primeira delas é amiga, a outra já é Amiga. Sinceramente não sei se fiz bem na primeira, mas estava a rebentar pelas costuras, precisava de gritar com o mundo. Precisava de partilhar com alguém que não me conhece assim tão bem (ok, trabalha comigo e sabe perfeitamente como é o meu feitio) estas coisas que me andam a acontecer... era o mínimo, afinal, tinha-lhe pedido no outro dia alguns conselhos para um encontro. E, na verdade, elas não se conhecem o que torna tudo mais fácil . E ela conhece-me apenas um pouco... e isso um momento de partilha de mágoas, tornou-se numa oportunidade também para a conhecer um pouco melhor, para partilhar histórias. E o resultado foi bom. Fiquei a conhecer mais um pouco do icebergue que é essa outra pessoa e, na realidade, fiquei um pouco surpreendido. As expectativas do que não conhecemos e assumimos são sempre injustas e redutoras.

Com a outra, a conversa voou e é sempre fácil. Tão fácil que aproveitámos e falámos de umas coisas que andavam cá entaladas há já uns meses. Ouviu-me a desabafar, uma versão resumida (a história já me começa a enjoar, cansar... irritar) e, por causa de um rumo inesperado que a conversa tomou, teve que me ouvir a reclamar sobre uma atitude "parva" que me andava a incomodar particularmente. E saiu, pura e simplesmente saiu... começo a criticar, de forma simpática e diplomata claro está, a pessoa que me veio ajudar. E mesmo que não tenha encaixado - ela diz que não, eu acho que em parte sim - acho que nos sentimos mais amigos por conseguirmos falar disso.

Sinto que cresci um pouco hoje e isso fez-me sentir bem. Por isso não vou gritar com o mundo... pelo contrário. Vou apreciar calmamente alguns destes momentos de paz enquanto cá estou.

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