2009-11-05

Enquanto ganho sono

Estamos a aproveitar ao máximo.


O encontro de ontem fez-me afirmar isso com toda a certeza: decidiste que precisavas de dançar. Desafiaste-me e, como pessoa facilmente seduzível que sou, aceitei logo. Não era suposto, não nos devíamos ver durante mais alguns dias. Estás simplesmente a aproveitar o tempo que tens comigo? Eu sei que te divertes realmente, que queres repetir isto mais vezes. A senhora da roulotte da comida fartou-se de rir connosco. Não estávamos muito tocados, mas o suficiente para estarmos soltinhos para servir de entretenimento a outros. Dizer que colocar ketchup e mostarda daquelas geringonças que estão suspensas é o mais parecido que existe com ordenhar uma cabra é, no mínimo e naquele contexto, engraçado. E agora vais ter espectáculos por zonas diferentes do país e a logística vai complicar bastante. Quando, no final do mês, abandonar esta casa os nossos encontros furtuitos vão ser (bastante) mais complicados.

Mas isso é, por enquanto, um problema para o meu eu futuro.

(...)

Quando estou contigo abraço-te. Estou a pensar e não é sentimento de amor, de desejo. É puro carinho, conforto. Gosto de estar junto a ti, entrelaçado, quando estamos deitados a ver séries de televisão. Massajo-te a cabeça, o corpo - com creme hidratante. Treino, retomo hábitos antigos para: 1) saber se ainda os sei fazer, 2) ver o efeito que têm. E acho que têm tido bastante resultado - não estás nada habituada a que tratem de ti e eu, confesso, tenho saudades de cuidar de alguém, de massajar e partilhar conforto. Não é constante neste nosso caso, continuamos a resfriar-nos em público e isso é bom.

(...)

Sei que me ando a repetir quando digo aqui que não quero mais nada. Não é que não tenha pensado na logística da relação. Já o fiz, mas mais que a logística é o que sinto por ti. Não está no nível para fazer uma relação séria. Tens enviado muitas mensagens, telefonado muitas vezes e reconheço a empatia e satisfação no teu tom de voz.

Eu não te faço o mesmo, mas temos outros hábitos parecidos. Temos muitos momentos em comum que me têm assustado. Reacções primárias à diversão. Pensamos de forma muito semelhante.

Ligas o teu telemóvel à minha frente, enquanto tomamos um copo e dizes com aquele tom de confissão

"ah nem acredito que tenho esta mensagem de boas vidas no telemóvel: «Welcome Master». Que ridículo."

Ao que, incrédulo apenas respondo. Tens o quê? Relembro-mo do velho hábito que tenho, desde 1999. A primeira coisa que faço quando arranjo um telemóvel novo é configurar a seguinte nota de boas vindas (falando o dialecto Nokia) : «Bem-vindo Mestre!»

Raio de coincidência. Tenho de escrever mais destas pequenas histórias enquanto ganho sonho. Destes momentos que marcam os nossos encontros. E com outras pessoas também.

(...)

Lembrei agora da ti. Estás em Lisboa, regressaste. Vou desafiar-te para um café, aliás sugeriste precisamente isso. Mesmo não sendo para conseguir alguma coisa, acho que o contatar contigo vai abrir portas para conhecer outras pessoas. Não me posso esquecer disso.

(***)

Listening to: dEUS - Favourite Game, Pixies - Here Comes Your Man, U2 - Hold Me, Thrill Me , Kiss Me, Kill Me, Lenny Kravitz - Are You Gonna Go My Way, Boston - More Than a Feeling, Smashing Pumpkins - Bodies, ACDC - Thunderstrucck, The Cure - Friday I'm In Love, Red Hot Chilli Peppers - Californication

Sobre a imagem: Procurei por lençóis de cama no DeviantArt e descobri esta imagem. Do autor wecouldbefaceless.

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