2009-11-07

Casamentos?


(2009-11-12) revi o texto e editei umas pequenas partes no final. Tive que o acabar no outro dia à pressa e tive necessidade de voltar cá.

Bem, estou aqui hoje de tarde com os meus pais na sala, mais uma amiga deles e a filha mais nova (que já tem 21 anos). Estou, estamos, a ouvir o desabafo dela há duas horas e pouco. Foi casada durante trinta anos com um outro amigo dos meus pais (vou chamá-lo de "X" – fica mais fácil a escrita) e estão agora separados. Ainda não divorciados, mas separados há coisa de um ano. Parece que ele a começou a trair no início do ano passado com uma colega de escola… Trinta anos de casamento pelo cano abaixo. De uns amigos que já conheço desde que nasci. É estranho, sou bastante liberal nesta coisa das relações, quando se respeitam, quando está tudo bem, mas esta história afectou-me uma beca. Talvez um pouco pela altura em que aconteceu (estou – finalmente, a chegar ao meio ano de separação), mas o que estranhei mesmo mais foi a questão do comportamento do X. É engraçado, as máscaras que vestimos todos os dias, como nos comportamos junto dos outros, como queremos ser aceites.

O X era uma pessoa mesmo simpática, com uns seus toques de brutidão, é verdade e tenho que o admitir se olhar em retrospectiva, mas nunca o imaginei a deixar a mulher. A dizer as coisas que ela diz que ele disse. Bem, a filha confirma e os meus pais também. Realmente, são imagens e situações que nunca tinha pensado. Com 62 anos (!) – ok, pode ter-se apaixonado, ter perdido a paixão pela mulher. A logística já é mais fácil, já tem as filhas crescidas, uma da minha idade, já trabalha. A outra a acabar o curso… Lembro de tudo o que já passámos juntos, desde aqueles dias em que eramos putos a brincar, lembro-me de olhar para os meus pais e para os amigos e sinto-me meio nostálgico... o mundo realmente não pára de surpreender.

O pouco que eu conhecia era aquela pequena máscara que eles deixavam conhecer ao mundo exterior.
Mas, há coisas que não me enganam, comportamentos que consigo sempre identificar, coisas que agora fazem mais sentido. Não as concebo, mas fazem mais sentido. Pergunto-me se a honestidade completa entre dois seres humanos consegue ser completa? No meu caso sei que não. Nunca digo tudo. Mesmo aqui. Sou eu, no fundo sou eu, sou honesto a mim mesmo, mas só coloco aqui o que me sinto confortável para confrontar.

(…)

"É tudo muito lindo" diz o meu Pai. "Ela ainda está muito ferida".

E é verdade. O melhor conselho não sei qual é. Talvez dar tempo ao tempo. Partilhei apenas com ela o que funcionou comigo. A minha situação, embora apenas tivesse 7-8 anos, já confere alguma credibilidade. Eu para "me resolver" estava a procurar outra relação. No momento em que a deixei de procurar, tudo se começou a resolver. O conselho que lhe dei não foi procurar outra relação. Foi para ela deixar de procurar aquilo que justificasse o comportamento do marido. Que o aceitasse, simplesmente. Acho que mesmo que ele o explicasse, não existe nada que dê sentido aquela separação. Chamem-me ingénuo, o que for. Isto não é acreditar no "Amor", "amor", "paixão". Tem a ver com acreditar no respeito e companheirismo. Mas, a verdade, é que ainda tenho muito para ver. Muita coisa para superar.

Como ela também tem. Não é apenas esperar 2 anos como lhe disseram. Um calendário consegue ser tão perigoso.

(***)

Listening to: Nada em particular. Comecei a escrever à frente deles, a fingir que trabalhava. Hoje adiantei um trabalhito de grupo, mas para a semana vou ter uma semanita mais atarefada. E ainda bem.

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