2009-09-26

As horas

Estou este fim de semana em casa dos meus pais. Correu bem, porque uns amigos nossos desde há muito tempo vieram visitá-los - aproveitei e matei dois coelhos de uma cajadada: visito pais, visito amigos e fico a sentir-me bem. Com menos tempo para trabalhar, é verdade (o facto é que já aqui estou novamente "agarrado", quando eles já chegaram e tudo. Mas já foi há 30 minutos. E eu disse que precisava de ver só uma coisa de "trabalho" antes de irmos almoçar. Estar aqui, agora faz parte do meu trabalho. Não há volta a dar :)

Pareço um viciado sempre à espera da altura para vir dar aqui um salto e matar saudades. E escrever sobre o que estou a pensar.

(... por falar nisso)

Lembrei-me de um monólogo no filme "The Hours" que descrevia precisamente uma frustração que partilhava com uma das personsagens sobre esta questão - a da capacidade de escrita.



Resumidamente, penso que falava da frustração do escritor em não conseguir captar em papel tudo o que estava a sentir, a viver e que isso o deixava bastante irritado. Suponho que com as limitações humanas... de não conseguir replicar o sentido das sensações que vivia em papel. Do pensamento humano ser tão rápido e complexo que não se consegue - é impossível - captar tudo numa folha de papel.

E acho que confirmei a minha lembraça. Depois de procurar mais um pouco encontrei a passagem que queria no youtube:

(...)
I wanted to write about it all.
Everything that happens in a moment.
The way the flowers look when you carry them in your arms.
This towel - how it smells , how it feels...
it's thread.
All our feelings - yours and mine.
The history of it.
Who we once were.

Everything in the world.
Everything mixed up.

Like it's all mixed up now.
And I failed.
I failed.

No matter what you start up with, it ends up being so much less.
Sheer fucking pride!
And stupidity.

We want everything, don't we?
(...)

-David Hare (argumentista do filme "The Hours" adaptado de um livro de Michael Cunningham). Interpretado por Ed Harris.

Não há verdadeira partilha. Ninguém consegue verdadeiramente sentir o que o outro pensa... mas podemos sempre tentar. É verdade, queremos sempre tudo. Captar e partilhar tudo. E fico triste ao saber que não o conseguimos.

... bem, o meu irmão, a minha cunhada e a minha futura sobrinha (só já faltam 4 meses!) chegaram. Vou ter com eles.


(***)

Ando a criar o hábito de não ouvir música enquanto aqui estou. Como isto foi um post rapidinho, se colocasse os auscultadores pareceria mal a quem passasse pela porta, que ainda por cima é de vidro. Assim ao menos parece que estou concentrado a escrever algo para a tese.

(1ª revisão) Deixei o link para o guião do filme "The Hours" no título do post. Tentei procurar pelo diálogo que me marcou, mas não o encontrei. Hum... tenho que voltar a ver o filme. Mas lembro-me dela... e não me apetece.

(2ª revisão) Depois de procurar um pouco melhor, encontrei a passagem que estava à procura e acrescentei-a ao post.

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