2009-09-30

Olá.

Mais uma noite. Olá. É oficial. Já andava a ameaçar há algum tempo e hoje tive a confirmação. Estou viciado nisto. Passei a maior parte da noite calado, a ouvir, a processar, a pensar no que queria escrever aqui. E depois, acontece sempre o mesmo. Fumo um cigarro, páro para pensar e começo a improvisar. O que pensei antes não é para aqui chamado. Este pedaço de "papel" em que posso escrever livremente toma uma dimensão assustadoramente exigente - à qual tenho que responder. Naturalmente, sem grandes preparações. Sem invenções. Tenho que ser eu. Apenas eu, sem protecções que ajudem a disfarçar quem eu sou na realidade. Gosto disso. Da espontaneidade que me faz sentir.

Escrevo tão depressa quando aqui estou que fico um pouco assustado. Porque não comecei a fazer isto antes? Provavelmente porque nunca imaginei o poder "curativo" que esta prática pudesse ter.  Quer dizer, isto não faz milagres por si só. O que me faz bem é pura e simplesmente deixar-me ir, sem fio condutor, sem estratégia, pelos maravilhosos devaneios que a minha mente me permite.

(...)

Mais uma noite saída. Mas hoje foi diferente. Estava cansado. Queria outra coisa. Queria estar noutro grupo de amigos. Tive ainda uns momentos de conversa com uma personagem diferente, assustadora (mais ou menos) que deu para diferenciar esta saída de terça-feira de tantas outras que temos andado a fazer. Foi isso e outra confirmação - a minha incapacidade de acreditar na capacidade de organização colectiva do ser humano no que toca à política. Pertenço a um grupo, apararentemente, elucidado. Informado e culto. Mas, em apenas cinco pessoas, não havia concordância. Havia pontos em comum, respeito pelo que o outro dizia (pelo menos não havia interrupções infantis - ou estavam reduzidas a um mínimo), mas enquanto que um dizia "Alhos".... o outro dizia "Bugalhos" e "Batatas". Era impossível atingir um ponto de concordância. Se isto é assim, como é que há de ser numa assembleia com centenas de pessoas? Como é que uma pessoa se liberta dos preconceitos e ideais impostos por um partido? Como é que se mantém a identidade, honestidade e integridade no meio de tanta confusão, no meio de tanta característica, tipicamente humana?

Sinceramente não sei. Para mim, a política é como a religião. Gostava de acreditar nela. Gostava de ter fé. Gostava de ter esperança que algo melhor existe e que nos pode conduzir para um futuro melhor. Acredito em pessoas de bom carácter, com um feitio correcto... mas não acredito em *grupos* de pessoas que o façam. Estou céptico neste aspecto. É fácil dizer mal é verdade. Não faço melhor, não me candidato eu (afinal o meu irmão é que herdou todo este género de paixão), mas não consigo deixar de ficar triste.

(...)

A ver se na quinta te vejo. Quando estiveres a ir para fora do país (pessoa 1), quero encontrar-me contigo (pessoa 2). Quero voltar a falar contigo, noutras circustâncias, com menos confusão, com menos erasmus. Vou convidar-te para um copo num local minimamente erudito. Ou pelo menos, giro. O japonês há de ficar para depois - é caro para caraças!

Estou com sono. Vou dormir. Até manhã :)


(***)

Listening to: Orquestrada (álbum quase todo, isto demorou mais tempo do que estava à espera)

1 comentário:

  1. Olá, "Gaijo"! :)

    Não há dúvida nenhuma que a escrita pode ser uma excelente libertação de tudo aquilo que anda a remoer dentro de nós, independentemente da forma como é expressa. Quando começas, vicias-te um pouco, eu viciei-me. O acender de mais um cigarro, o querer transmitir as coisas o melhor possível e sermos genuínos connosco e com alguém desconhecido que há-de ler. Torna-se sempre mais fácil, pelo menos para mim, fazer confissões a desconhecidos. Fazem um ou outro comentário solidário por escrito ou verbalmente, mas não nos remoem a tola, não dissertam ao pormenor as nossas palavras. Afinal de contas por vezes só queres libertar-te de algum peso e não aumentá-lo! Muitas vezes, penso que o meu pedaço de "papel" deveria ter permanecido escondido e guardado a sete chaves para mim e para os meus amigos desconhecidos, já que quando o apresentei aos amigos "reais" fui alvo de algumas dissecações embaraçosas, erradas e a quererem saber o significado de cada palavra. Claro que também tive alguns elogios pelo meio ;) Só não volto a alterar o endereço, devido aos amigos "virtuais". Gosto que estes possam ler e de alguma maneira se revejam no que escrevo. Que tenham a sua própria interpretação das palavras que partilho e não tentar perceber o que se passa com a Angelise.

    Bjoca ;)

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