2009-10-22

Sem propósito

Hoje vim para cá sem propósito. Acho que é a primeira vez, desde há muito tempo que não tinha nada para confessar e para falar contigo. Estou a dirigir-me a ti, espaço estranho onde páro para reflectir. Onde ínicio este ritual em que estou a olhar para as minhas mãos e não para o monitor, como costumo fazer.

Reparo na cadência com que atinjo as teclas para ver se aquilo que me saí é mesmo aquilo que quero dizer. É engraçado, hoje é mesmo um dia em que não tenho novidades. Não sinto nada de novo... bem isso não é totalmente verdade. Sentir até sinto, há cá uma pequena sensação que vai acordando um pouco mais a cada dia que passa. Já vou a mais de metade desta última etapa no mestrado. Já iniciei os contactos de regresso para o meu local de origem e, por causa disso, começo a olhar para os pequenos rituais com saudade. Porque sei que estão a terminar. O cigarro que fumamos quando estamos a fazer uma pausa da escrita e falamos de barbaridades sem sentido. Do percurso que faço até ao departamento, que é tão familiar com o que fazia há uns anos atrás. Das compras em conjunto que faço no hipermercado. Da ida para a cantina com a malta. Das pausas para lanchar uma sandes mista prensada. Os locais. As pessoas.

Pequenos hábitos que se criaram e que, desta vez, acho sinceramente que é a última vez que os volto a repetir, desta forma sistemática.

Ainda não me sinto triste por saber que isto vai acabar - consigo colocar esse facto num compartimento porque sei que ainda falta mais de um mês. Pouco mais de um mês para abandonar este espaço que nunca considerei como meu. Este quarto que agora remodelei um pouco, a quem dei um pouco de carácter. Remodolação? Enfim, apenas tive que tirar o colchão da cama porque, para além de ter um estrado extremamente deconfortável, nunca ouvi cama mais barulhenta que esta.

Sim, se tiver problemas em fazer confissões destas aqui, onde é que as farei?

(...)

Ainda ontem falava contigo sobre estas questões, sobre o que nos damos a conhecer. Neste caso, quais são as escolhas que faço quando escrevo uma palavra, em vez de outra. Tu falaste da tua escrita, de como te sentias constantemente insatisfeita com o resultado final. Eu raramente me sinto insatisfeito (ontem por acaso foi um momento em que me senti), mas quando sinto, refaço as coisas de forma iterativa. E quando começo a detalhar algum tópico sobre essa temática sou bastante mais cauteloso, admito. Eh pah, este é o meu espaço, o sítio onde tenho os meus devaneios, mas não é um espaço para onde venho detalhar pormenores sobre a minha vida sexual. Apenas o faço em ocasiões muito raras, com audiências muito seleccionadas e se estiver a beber alguma coisa. Neste momento, acho que só tenho a audiência seleccionada, porque escrever aqui não é grande novidade (não deixa de ser especial por isso) e apenas bebi meio litro de chá verde há bocado.

Por isso... "porto-me bem", sou "socialmente correcto" e arrisco menos. Também, acho que continuar a escrever com o sono que tenho não pode fazer bem. Amanhã deixa-me contar quantas correcções e alterações faço ao texto. Estou curioso.

(***)

Listening to: She Wants Revenge - This is Forever

sobre a imagem: O link original está aqui e pertence, novamente, ao DeviantArt pelo utilizador discurrere. Procurei de forma aleatória por labirintos e encontrei esta imagem que, aparentemente, não tem nada a ver. Mas a página apareceu por cause de um dos filmes favoritos do autor - o Pan's Labyrinth, que, só por acaso, é um filme extremamente bom. Por acaso estive quase a colocar como imagem uma frame muito famosa. Qualquer dia uso-a.

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